As obras do Contorno Viário ainda seguem com várias pendências, que colaboram para o atraso dos cronogramas pré-programados dos lotes já iniciados, sem falar naqueles que não tiveram início.
No começo do lado Norte do traçado encontramos o primeiro problema a ser equacionado. Diz respeito ao bloqueio pela Justiça de 2 km, promovido pela empresa Proativa, detentora de um aterro sanitário de resíduos sólidos localizado naquela região. Alega que o traçado passa muito próximo do aterro e pode interferir na operação do mesmo. Está previsto para o dia 8/7/2016 uma audiência envolvendo as empresas Autopista e Proativa, mais a ANTT (órgão regulador) e Justiça Federal, quando o caso pode ter um encaminhamento final, ou seja, manter o traçado inicial ou seu afastamento do aterro, que vai exigir retificação na licença e novas indenizações.
Num outro trecho ocorre outro problema. Diz respeito ao bloqueio ambiental promovido pelo Ibama na localidade chamada Serrinha. As obras previstas no projeto previam um corte tipo talude, mas o Ibama analisa a possibilidade de construir muros de arrimo, deixando de suprimir mata nativa naquela região. Está em fase final de liberação pelo órgão ambiental. Todo o lote está paralisado porque o material a ser extraído daquela escavação irá ser¬vir de aterro para as demais obras do trecho. É um volume acima de 1 milhão de metros cúbicos.
Serviços e obras adicionais
Também foram identificados na região solos desfavoráveis, compostos de camadas com superfícies aderentes: uma vez cortadas, há um escorregamento de uma camada sobre a outra, dificultando ou retardando os trabalhos.
Ainda no trecho intermediário e mais para o Sul temos a questão dos projetos de quatro túneis duplos que estão sob análise na ANTT, que também é um ponto de atraso para as obras como um todo.
Com relação aos últimos três quilômetros do lado Sul, continua aguardando a emissão de Licença de Instalação como também alteração do traçado aproveitando o leito da BR-282, defendida pelo Senge-SC (Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina) e outras sete entidades que entendem ser a melhor do ponto de vista social, ambiental, econômico e de execução.
Somente um dos trechos de cinco quilômetros está com 60% das obras concluídas e deve ser entregue até o fim do ano.
Com relação às áreas a serem indenizadas ainda estão pendentes 555 áreas, num total de 1.017.
Reequilíbrio econômico-financeiro
Com relação aos custos totais da obra não se tem por certo, mas acredita-se que vai quadruplicar o valor inicialmente previsto, no contrato de concessão. Tudo em função da decisão de um dos prefeitos da Grande Florianópolis que atravessou um grande empreendimento imobiliário no traçado original, obrigando o seu desvio e a construção de quatro túneis duplos que podem custar de R$ 600 milhões a 800 milhões, mais outros tantos recursos para o resto das obras. No final de tudo o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato certamente ocorrerá e mais uma vez o contribuinte vai pagar a conta.
Engº José Antonio Latrônico Filho, Diretor do Senge-SC, Membro do Grupo de Trabalho BR-101 do Futuro e do GPT (Grupo Paritário de Trabalho – ANTT, Concessionária, Sociedade Civil)