Sete meses após o rompimento da barragem de Fundão, a Samarco finalizou a elaboração de um programa de demissão voluntária para dispensar 1.200 funcionários, cerca de 40% de seus quadros.
A proposta, que não envolve pessoas com cargo gerencial na empresa, foi discutida e apresentada aos sindicatos, mas ainda deve ser aprovada pelas entidades de classe.
A mineradora diz que o programa é necessário “para adequar a força de trabalho da Samarco à nova realidade da empresa, uma vez que há indefinições sobre a volta das operações”.
A Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, prevê que os funcionários que aderirem ao programa terão plano de saúde bancados por seis meses após a demissão, além do pagamento de quantias equivalentes ao salário e à quantidade de anos trabalhados.
Desde novembro as atividades da empresa estão suspensas e funcionários já cumpriram férias coletivas e tiveram seus contratos suspensos temporariamente.
“Concordamos em quase tudo com essa proposta final da empresa, mas nosso setor jurídico ainda avalia uma cláusula em que a Samarco propõe que os voluntários abdiquem de ações trabalhistas. Consideramos essas ações um direito do trabalhador”, afirma Sérgio Alvarenga, diretor do sindicato Metabase de Mariana (MG), que representa a maior parte dos funcionários da Samarco.
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, matou 19 pessoas, soterrou o subdistrito de Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição que chega ao litoral do Espírito Santo.
ACORDO
Parte da lama de rejeitos ficou retida na hidrelétrica de Candonga, a 100 km de distância. Na última semana, a mineradora se comprometeu, junto ao consórcio que administra a usina, a apresentar um cronograma de trabalho e a fazer a retirada do material.
O compromisso foi assumido com o Ministério Público de Minas Gerais e a Advocacia-Geral do Estado. Anteriormente, a mineradora havia se comprometido a iniciar a retirada até março, mas não cumpriu o acordo. Desde o início do ano, a Samarco tem feito campanha pela retomada de suas atividades. A Prefeitura de Mariana tem reclamado da queda de arrecadação do município após a tragédia.
Em nota, a mineradora diz que a retomada das operações “é imprescindível para a manutenção de 60% da sua força de trabalho em Minas Gerais e Espírito Santo e para que a empresa continue a gerar empregos, pagar impostos e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das comunidade”. Fonte: Folha Online