Muito mais do que fazer uma palestra técnica sobre o reúso de efluentes de estações de tratamento de esgoto como água potável, o professor George Tchobanoglous, palestrante mais esperado do Congresso de Saneamento, estimulou novas visões e posturas em relação ao saneamento. O encontro foi realizado em Florianópolis quinta e sexta-feira, em uma promoção conjunta Senge e CASAN.
De forma bem-humorada, o professor emérito no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UC Davis, considerado um “papa” do saneamento, falou diretamente aos estudantes. Estimulou a inovação com relação ao gerenciamento hídrico e ao aproveitamento dos efluentes de estações de tratamento de esgoto para abastecimento. “Tecnologias estão disponíveis e não são um fator limitante para reúso da água”, frisou.
Em sua apresentação, George Tchobanoglous mostrou diagramas de como podem ser estações de tratamento avançado de água, onde efluente de esgoto é preparado para voltar ao abastecimento. O professor também valorizou a pesquisa. “Junto de estações de tratamento avançado na Califórnia são implantadas unidades para experimentar e avaliar novas tecnologias e associações de diferentes processos”, contou aos estudantes e profissionais que lotaram o no Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira, em Canasvieiras, Florianópolis.
“No passado todo mundo ria disso, mas não é tão caro quando se pensa que o valor da água vai aumentar cada vez mais, e que esse recurso vai ficar cada vez mais escasso no mundo”, ressaltou o professor que tem em seu currículo mais de 350 publicações, incluindo 14 livros didáticos e cinco livros de referência na área de engenharia.
“Nos Estados Unidos, cerca de 30% da população não terá acesso à água potável nos próximos dez anos”, exemplificou, lembrando que a população mundial cresce exponencialmente e os processos atuais de abastecimento não são sustentáveis – por esse motivo, o reaproveitamento da água será uma ação inevitável.
Sem deixar de tocar em dificuldades, falou sobre desafios relacionados a barreiras operacionais, à remoção de impurezas, à toxicidade e à deficiências em relação à regulamentação, ainda baseada em tecnologias antigas. “Vocês estudantes precisam trabalhar para mudar essa regulamentação e atender a esse conceito moderno”, instigou.
O professor questionou o perfil do profissional que vai lidar com o reúso da água e até mesmo medidas de conservação como a redução da quantidade liberada em vasos sanitários. “Quantos de vocês acham que é uma boa ideia?”, perguntou, em seguida informando que experiências nesse sentido já se mostraram desastrosas em função dos efeitos na corrosão nas redes de esgotos, exigindo gastos exorbitantes para substituição das canalizações.
“Eu estou no final da minha carreira, mas pensem em todos os problemas interessantes que vocês terão em suas trajetórias, pois precisamos realmente pensar em gestão integrada da água e do esgoto”, ressaltou.
“Precisamos pensar diferente sobre água do esgoto. Precisamos planejamentos mais ousados para que a reutilização seja de fato realidade, e estes são momentos de grandes oportunidades para vocês”, finalizou o professor.
Fonte: Comunicação Casan