As inteligências artificiais deverão chegar ao nível do pensamento humano nos próximos 30 ou 40 anos. Nesse período, passaremos a incorporar essa tecnologia aos nossos corpos, de forma que acabaremos por funcionar junto com ela.
Essa é a teoria defendida por José Elías, especialista em engenharia da computação pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos. Ele falou sobre inteligência artificial, área em que é pesquisador, durante o Encontro GX27, promovido anualmente pela empresa de tecnologia Genexus, em Montevidéu, no Uruguai.
O pesquisador de origem dominicana é mais conhecido em países hispânicos e possui um blog de tecnologia, o eliax.com. Na página, há mais de dez mil artigos sobre assuntos que vão desde inteligência artificial até universos paralelos.
Segundo Elías, a incorporação das máquinas ao nosso corpo acontecerá em três fases: a primeira consistirá em adições externas e não-invasivas. Como exemplo, o pesquisador citou as HoloLens, óculos de realidade aumentada desenvolvidos pela Microsoft que integram objetos sintéticos com imagens reais.
Em um segundo momento, desenvolveremos dispositivos que se conectarão com áreas específicas do cérebro, de acordo com a função e o objetivo de cada um deles.
Já em uma terceira etapa, será possível substituir partes inteiras do corpo e aprimorá-lo constantemente.
“Hoje, por exemplo, já existem quatro empresas e cinco laboratórios no mundo que conseguem criar visão artificial para os que são cegos. É uma câmera que se conecta diretamente ao cérebro e faz com que a pessoa enxergue imagens em baixa resolução”, contou Elías.
Segundo ele, essa evolução tecnológica deverá acontecer mais rápido com o passar do tempo. “A ciência e a tecnologia não se movem de forma linear. O nível das mudanças que vimos nos últimos 20 anos agora acontecerá em dez ou cinco.”
Elías também afirmou que a junção entre homem e máquina deverá acalmar o medo, em parte gerado por livros e filmes de ficção científica, de que as máquinas adquiram consciência própria e se voltem contra a raça humana. Ele diz que há, porém, o risco de surgirem novas complicações sociais.
“Obviamente, essa mudança que estou prevendo também vai trazer outras questões. Haverá pessoas que vão querer se incorporar às máquinas e outras que não. Os que quiserem terão uma vantagem nos negócios e na vida em relação aos que se recusarem. Isso se chama evolução”, disse o pesquisador.
Fonte: Folha SP