As condições de uso da Ponte Hercílio Luz foram o tema único da reunião do Comitê Metropolitano para o Desenvolvimento da Grande Florianópolis na sexta-feira, dia 28 de junho, na sede da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE), em Florianópolis. O COMDES cobrou da secretaria municipal de Transporte e Mobilidade de Florianópolis mais detalhes sobre o cronograma de lançamento dos editais de licitação e de execução das obras no entorno da Ponte Hercílio Luz.
As discussões contaram com a presença de representantes da prefeitura da Capital, do Deinfra, do Setuf e do Consórcio Fênix. Segundo o vice-coordenador do COMDES, José Carlos Rauen, também presidente do Senge-SC, não basta a ponte ficar pronta, é urgente a busca de soluções de mobilidade viária que a tornem de fato útil para desafogar o trânsito na capital, bem como a divulgação de custos e cronograma de obras. Ele cobrou da prefeitura que, mais do que projetos, sejam informados aspectos fundamentais, como cronograma das obras, prazos para licitações e custos.
A preocupação – real – é que o sistema viário nas cabeceiras insular e continental não esteja pronto até dezembro, quando a recuperação da ponte será concluída pela Infraestrutura estadual. “Não podemos passar essa vergonha, igual ao caso do acesso ao aeroporto”, afirmou Carlos Abraham, diretor do Senge-SC, referindo-se ao trecho rodoviário do Sul da Ilha que precisa ficar pronto até 1º de outubro, data de inauguração do novo terminal.
Ao explicar o projeto, o secretário de Transporte e Mobilidade de Florianópolis, Michel Mittmann, destacou o “plano urbanístico integrado”, que prevê humanização do entorno da Hercílio Luz, com prioridade para o transporte coletivo, pedestres e ciclistas.
“Já não temos espaço no centro para os carros”, pontuou. Sobre os prazos, Mittmann disse que o caixa da prefeitura só permitiu que as obras dessa primeira etapa, ao custo de R$ 4 milhões, sejam iniciadas no segundo semestre. No momento, o governo do Estado está fazendo a revisão final dos projetos de engenharia.
“Todos os trabalhos a partir de agora serão pelo mar”, afirma o fiscal da obra, engenheiro José Abel da Silva, do Seinfra. Ele reiterou que em 30 de dezembro a ponte “estará apta para uso”, mas entende que o ideal seria inaugurá-la no aniversário da cidade, em 23 de março, final do contrato com a empresa portuguesa Teixeira Duarte.
“Ganharíamos mais tempo para terminar o acesso dos entornos”, afirma. Entre uma data e outra será retirada toda a estrutura da parte inferior.
Legislação
Entre os convidados da reunião do Comdes (Comitê para o Desenvolvimento da Grande Florianópolis), na sexta-feira (28), o senador Esperidião Amin (PP) defendeu uma mudança na legislação que inclua as intervenções previstas no entorno da Ponte Hercílio Luz.
“Mudanças estruturais devem ser consolidadas na lei do Plano Diretor”, afirmou, ao lado da mulher, a deputada federal Angela Amin (PP). E alertou para a necessidade de acompanhamento e fiscalização constante.
“O projeto do Burle Marx para o aterro da Baía Sul estava tombado e foi desrespeitado todos os dias”, lembrou o ex-prefeito e ex-governador.
Mobilidade
Também foi assunto a mobilidade urbana de Florianópolis e os congestionamentos no acesso à Ilha de Santa Catarina pela Ponte Pedro Ivo e as obras nas cabeceiras insular e continental da Ponte Hercílio Luz.
As divergências estão em torno das medidas pontuais que devem ser tomadas para solucionar os problemas que aparecem e, mais do que isso, em relação ao conceito de planejamento urbano para a cidade.
No caso da saída da Ilha, a terceira faixa entregue pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) mostrou que soluções relativamente simples podem dar um fôlego momentâneo, mas sabe-se também que é preciso virar a chave.
O projeto pensado para a Ponte Hercílio Luz, com priorização de pedestres, ciclistas e transporte coletivo, pode ser um bom paradigma. “Já não temos espaço suficiente para os carros no centro”, falou na sexta-feira o secretário municipal de Transporte e Mobilidade, Michel Mittmann. O caminho, pensa ele, é dificultar para o veículo particular e, ao mesmo tempo, investir em modais públicos e alternativos.