A computação quântica, que usa princípios da física para o processamento de informações, pode ser uma nova etapa da computação que permitirá a resolução de problemas que até hoje não são solucionáveis com o uso de computadores digitais comuns.
“Alguns problemas matemáticos, como otimização com muitas variáveis, ou o mapeamento da estrutura de átomos e moléculas, ainda são feitos com aproximações. O computador quântico pode trazer soluções com uma precisão que ainda não possuímos”, explica o físico e professor da USP Marcelo Martinelli.
A capacidade do computador quântico de realizar cálculos nunca antes resolvidos é explicada por sua maneira de funcionar.
Um computador digital usa um sistema binário para armazenar e transmitir informações, que na “língua” do sistema assume forma de bits, que podem ter um de dois valores: 0 ou 1.
Já a computação quântica foi desenvolvida com o princípio da sobreposição da física quântica: em um sistema físico, um elétron existe em todos os estados possíveis simultaneamente antes de ser medido ou observado.
No computador, isso é traduzido no qubit, ou bit quântico. Ele pode variar de zero a um infinitamente –assumindo os dois valores ao mesmo tempo.
Outro princípio físico do supercomputador é o emaranhamento, que permite que dois objetos –no caso, os qubits– estejam ligados. Os qubits estão correlacionados: se um assume um valor, o outro assume imediatamente o valor oposto.
“O emaranhamento está atrás da capacidade de processamento da informação: no computador digital, os cálculos são feitos por etapas. No quântico, o emaranhamento dos qubits distribui a informação em todo o sistema.”
O supercomputador ainda é restrito. A canadense D-Wave vende as máquinas desde 2011. A Intel anunciou, neste ano, um chip quântico, mas ele é usado de forma experimental.
Fonte: Folha SP