Os gargalos na infra-estrutura nacional, como estradas e portos, constituem entraves ao desenvolvimento e há muito tempo ocupam as discussões sobre como retomar o crescimento no Brasil. Desde o ano passado, veio à tona um outro sério obstáculo à expansão, assim como à inovação e ao avanço científico e tecnológico: a escassez de mão-de-obra qualificada.
O cenário atual era previsível. Ao longo de mais de duas décadas de estagnação, a engenharia perdeu relevância e os profissionais se viram sem espaço para atuar. O bloqueio ao crescimento restringiu seu papel, atrofiando sua inserção na sociedade e os impedindo de exercer sua vocação e aplicar sua capacidade. Como conseqüência, a mão-de-obra migrou para outras atividades e deixou de se atualizar; para os estudantes, uma carreira na engenharia não era tão atraente. A Federação Nacional dos Engenheiros alerta para a necessidade de multiplicar a mão-de-obra apta a operar o sistema empresarial e de inovação.
No que diz respeito aos futuros engenheiros, os números são francamente desfavoráveis ao país. Embora haja, segundo dados da Abenge (Associação Brasileira de Educação em Engenharia) 300 mil vagas nas faculdades, o Brasil ainda forma menos de 30 mil engenheiros a cada ano. Com a consolidação dos novos cursos, que já somam 1,4 mil, pode ser que a estatística melhore num futuro próximo, mas ainda assim continuamos em desvantagem. No final de 2007, havia 270 mil estudantes de engenharia, o que equivale a 1,5 por mil habitantes. Essa relação no Chile e na Argentina é de 4,5 e 3,0, respectivamente.
Murilo Celso de Campos Pinheiro – Engenheiro eletricista e presidente da FNE