A evolução na área da comunicação, a internet das coisas, fenômeno que transformou a maneira da humanidade se relacionar – entre si e com as máquinas – e agilizou processos em todas as áreas da engenharia e, consequentemente, na sociedade. Este foi o teor da palestra ‘Os desafios da engenharia brasileira na sociedade do conhecimento’, ministrada pelo engenheiro eletricista e professor da USP, Marcelo Zuffo, evento que reuniu dia 15 de agosto cerca de 200 pessoas no auditório da Fiesc, em Florianópolis, encerrando com chave de ouro o Ciclo de palestras promovidas pelo Diário Catarinense com a parceria e apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e Sindicato dos Engenheiros do Estado de Santa Catarina (Senge-SC), e que integra as discussões do projeto Cresce Brasil. A proposta foi de ampliar as discussões sobre o papel do engenheiro na sociedade, mostrar as tendências tecnológicas que estão mudando a humanidade e os desafios para os quais engenheiros devem estar preparados. “Nunca antes, na história da humanidade, se conseguiu interagir tanto com as máquinas como agora”, afirma Zuffo.
O palestrante explicou que com a internet interagimos intensamente e de forma coletiva, formamos uma rede orgânica. “São mais de quatro bilhões de humanos interligados em tempo real. As informações giram de forma instantânea. E a internet das coisas não está apenas no computador, mas na caneta, nos telefones, na medicina e nas próteses, por exemplo. A velocidade do computador de um celular é a mesma que a existente nos computadores do governo nacional, na década de 1980”, garante. Segundo ele, o Brasil é o terceiro maior consumidor de tecnologia do mundo, “consome mais transistores do que grãos. No entanto, nós perdemos a capacidade de pensar no futuro. Precisamos mudar isso”. Para Zuffo, o engenheiro moderno é capaz de resolver problemas de forma analítica e método, portanto, a engenharia precisa ir muito além da indústria, vai ter que entrar na área da linguística e da psicologia.
O presidente do Senge, Fábio Ritzmann, ao fazer a ligação entre o Programa Cresce Brasil e o Workshop de Gestão de Valor, afirmou que todo assunto ligado à tecnologia tem relação com esse sistema de crescimento e tudo passa pela tecnologia que, por sua vez, envolve intimamente a engenharia. Ritzmann elogiou a palestra e ressaltou a importância de sensibilizar o poder público, ‘provocá-lo’ para que se modernize. “No momento de instabilidade econômica, social e política, o tema é oportuno, um estímulo para se buscar novas soluções e isso passa pela tecnologia. A palestra, com uma visão ampla, periférica das coisas, mostrou que a internet não se limita aos computadores e que não há como frear este processo. Então vamos entrar na onda como protagonistas, não como coadjuvantes”, convida. “Fico chateado com a contradição que vemos, precisamos disseminar esse conhecimento, que deveria ser acessível a todos. Deveríamos ter internet pública, para facilitar o acesso à tecnologia para pessoas de baixa renda”.
Murilo Campos Pinheiro, presidente da FNE, afirmou que foi um evento muito especial para todos da Federação por trazer um dos maiores especialistas em informação do país, referência na engenharia brasileira “que acrescenta muito conhecimento para nós”. Pinheiro elogiou o presidente do Senge-SC, Fábio Ritzman, por contribuir muito nas discussões nacionais ao apoiar debates como esses. “É a engenharia unida como forma de solucionar a crise nacional com desenvolvimento e crescimento. Somente com unidade faremos a diferença e mudar para um Brasil que todos queremos.” Os debatedores foram André Pierre Mattei, diretor do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados; Otávio Ferrari Filho, diretor de Projetos de Telecomunicações da Sucesu-SC e Victor Rocha Pusch, diretor da empresa SensorWeb, que contribuíram com suas experiências seus comentários e questionamentos, enriquecendo ainda mais as três horas de duração do evento.