Será que o escândalo do vazamento de dados de mais de 87 milhões de usuários do Facebook acabou com a diversão na internet e nas redes sociais? Claro que não e, se não quiser aderir ao movimento para abandonar a plataforma de Mark Zuckerberg, o que você deve fazer é redobrar o cuidado. Em primeiro lugar, poderá baixar suas informações armazenadas no Facebook e checar que medidas de segurança estão em vigor para que terceiros não façam download dos dados. Aproveite e repita o mesmo processo na sua conta do Google – inclua Gmail, Google Maps, YouTube. A lista de arquivos contendo seu rastro digital pode ser grande, mas é a chance de deletar o que acha que não deve ficar à disposição de terceiros.
O jornal “The Guardian” chegou a chamar atenção para gadgets inteligentes e conectados que acumulam informações dos usuários. São objetos como torradeiras que personalizam sua torrada e acionam seu telefone quando estão prontas; ou garfos com conexão bluetooth que vibram se você estiver comendo muito rápido – além de caros, são dispensáveis e geram dados sobre a pessoa para as empresas por trás dos aplicativos.
Há mais providências a serem tomadas, como deletar contas de e-mail que estão inativas, mas com seu cadastro completo. Fuja do risco desnecessário de baixar aplicativos que estão dentro de redes sociais: aqueles que pedem acesso à sua localização ou à sua galeria de fotos. Ou de entrar em brincadeiras aparentemente inocentes, do tipo: “com que atriz de Hollywood você se parece?”. Sobre as senhas, sempre é bom repetir: nunca use datas óbvias, como a do seu nascimento. O mais seguro é optar por letras, números e caracteres combinados (como P@uloX78@) ou usar frases inteiras, mais difíceis de serem descobertas. Este blog já publicou coluna sobre o guia de segurança na internet para quem passou dos 60. “É uma boa oportunidade para fazer uma revisão completa nas permissões dadas aos aplicativos usados nos smartphones”, alerta a jornalista Cristina De Luca, editora de publicações especializadas há mais de 30 anos. “Como não é muito simples, convém pedir ajuda de pessoas próximas que dominem as tecnologias digitais”.
O uso de smartphones e da internet pode se tornar um vício em qualquer idade, mas há maneiras de se precaver: quando o vídeo que escolheu acabar, não espere passivamente pelo próximo e o seguinte… Seja mais seletivo em relação a notificações, eliminando alertas para joguinhos ou notícias bizarras (e muitas vezes falsas). Se sentir que não consegue se afastar das redes sociais, crie um dia na semana para “detox” e fique longe da tentação.
Quando Zuckerberg depôs no Senado, na terça-feira passada, houve críticas à falta de preparo de alguns congressistas, que pareciam desconhecer informações elementares sobre o mundo digital. Não se justifica que senadores não tenham feito a lição de casa para questionar o criador do Facebook, ainda mais com assessores para auxiliá-los. Isso gerou comentários nas próprias redes sociais, com observações irônicas sobre a idade avançada dos políticos – na verdade, manifestações de preconceito contra os idosos. Idade rima com mundo digital, sim.
Fonte: Globo.com