Em seu primeiro discurso como presidente da Petrobras, Pedro Parente defendeu a revisão da lei do pré-sal, atualmente em discussão no Congresso, e disse ser favorável a maiores parcerias para investimentos.
Ele criticou ainda o que chamou de “amarras dogmáticas”, como a política de conteúdo local, que, segundo ele, obrigaram a empresa a comprar no país equipamentos com custos e prazos superiores ao mercado internacional.
“A Petrobras apoia a revisão da lei do pré-sal”, afirmou o executivo, em cerimônia de transmissão de cargo realizada nesta quinta (2), na sede da estatal, que não teve a presença do presidente anterior, Aldemir Bendine.
Hoje, a estatal tem uma participação mínima obrigatória de 30% em todos os campos da área. A regra foi criada no governo de Lula após a descoberta das primeiras reservas do pré-sal.
“Como está, a lei não atende aos interesses da empresa nem do país. Se a exigência não for revista, a consequência é retardar sem previsão a exploração do pré-sal. Além disso, restringe a liberdade de escolha da empresa”, argumentou.
Ele disse que políticas de conteúdo local são necessárias, mas precisam incentivar inovação, parcerias e “produção com custos e prazos adequados”.
“Que prevaleça a competência e não somente a reserva de mercado”, defendeu, citando a “euforia e triunfalismo no discurso recente” como uma das principais causas da crise da empresa e pano de fundo para a corrupção.
Segundo ele, boa parte da dívida da companhia é fruto de “projetos irreais” aprovados durante as gestões anteriores. “Apenas 1/3 da dívida é do pré-sal”, defendeu.
“A Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada, que aproveitou de seus quadros para sustentar seus projetos pessoais e de poder”, acusou.
Em contraponto a discursos de governos petistas e de sindicatos, afirmou que a “função social” da Petrobras só poderá ser cumprida se a empresa estiver com boa saúde financeira.
Parente afirmou que em 120 dias a empresa apresentará um novo plano de negócios, com os rumos desejados pela nova administração da companhia. Fonte: Folha Online