O número de pessoas que perderam a expectativa de conseguir um emprego e desistiram de procurar uma vaga de trabalho —chamados pelo IBGE de desalentados— dobrou nos últimos cinco anos.
No final de 2017, o total de pessoas em desalento chegou a 4,3 milhões, segundo dados da PNAD Contínua divulgados nesta sexta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esse é maior número já registrado pela série iniciada em 2012, quando havia 1,9 milhão de desalentados. No fim de 2016 o número era de 3,8 milhões.
A população desalentada é, segundo o IBGE, aquela fora da força de trabalho por não conseguir emprego, não ter experiência, ser muito jovem ou idosa ou ainda não ter encontrado uma vaga na localidade em que vive.
“A causa disso pode ser o ambiente econômico, que coloca muita gente na rua desempregada e desestimula a procura por emprego”, afirmou o coordenador do IBGE, Cimar Azeredo.
A taxa de desalento no no final de 2017 representava 3,9% da força de trabalho do Brasil. A maior parte das pessoas nessa situação ( 2,6 milhões de pessoas, ou 59,7% do total) estavam no Nordeste, principalmente na Bahia (663 mil) e Maranhão (410 mil).
“Você tem concentração grande de desempregados no Nordeste. A falta de oportunidade é maior lá”, afirmou Azeredo, acrescentando que, na região, há também os maiores índices de pobreza e analfabetismo.
SUBEMPREGO
Também cresceu, na comparação anual, o total de subempregados, que chegou a 23,6% da população na força de trabalho, ou 26,4 milhões de pessoas, contra 22,2% no final de 2016.
Na comparação contra o terceiro trimestre de 2017, quando a taxa era de 23,9%, houve ligeira queda.
Estão em situação de subutilização de sua força de trabalho os desocupados, os subocupados que trabalham menos de 40 horas semanais e aqueles que fazem parte da força de trabalho potencial.
Na média anual, a taxa de subutilização da força de trabalho foi de 23,8% em 2017, o que corresponde a 26,5 milhões de pessoas.
Os Estados que apresentaram as maiores taxas de subutilização no quarto trimestre do ano passaado foram Piauí (40,7%), Bahia (37,7%), Alagoas (36,5%) e Maranhão (35,8%). As menores estavam em Santa Catarina (10,7%), Mato Grosso (14,3%), Rio Grande do Sul (15,5%) e Rondônia (15,8%).
Em 2017, a taxa desemprego no país fechou o último trimestre de 2017 em 11,8%. Com isso, a taxa média anual passou de 11,5% em 2016 para 12,7% em 2017, a maior da série histórica da pesquisa.
COR
A distância entre brancos, pretos e pardos no mercado também aumentou nos últimos cinco anos.
Enquanto a taxa de desemprego entre os que se declaram brancos passou de 5,4% em 2012 para 9,5% em 2017, o índice aumentou de 8,1% para 13,6% entre os que se declaram pardos e, com mais força, entre aqueles que se declaram pretos: de 8,6% para 14,5%.
Apesar da alta, diminuiu, na proporção total, o número de pardos na população desocupada, que caiu de 52,4% para 51,9% na mesma base de comparação, mas não na mesma incidência dos brancos, que passou de 37,5% para 35,6%.
Já a quantidade dos que se declaram da cor preta no total de desempregados aumentou, de 9,6% para 11,9%.
O contingente total de desocupados no Brasil, que era de 6,7 milhões de pessoas em 2012, subiu para 12,3 milhões em 2017.
NORTE
Apenas a Região Norte apresentou expansão do emprego com carteira de trabalho assinada na iniciativa privada. O crescimento, na comparação com o quarto trimestre do ano anterior, foi de 59,4% para 61%.
No quarto trimestre de 2017, 75% dos empregados do setor privado (exceto trabalhadores domésticos) tinham carteira de trabalho assinada, 1,4 ponto percentual a menos que no 4º trimestre de 2016.
Fonte: Folha SP