Em pleno ano de 2020, a eleição para o sistema Confea/Crea/Mútua, agendada para 15 de julho, será marcada pela falta de transparência e de representatividade.
Isso porque devido à recente anulação pelo Confea da deliberação por eleições online, tomada pelo plenário dos conselheiros do Crea-SC, o pleito atingirá baixíssimo percentual de engenheiros votantes no estado, pois apenas em 34 dos 295 municípios haverá urnas convencionais, voto registrado em papel e apuração manual. Os profissionais das demais cidades não terão a oportunidade de votar nos candidatos que conduzirão os Conselhos no estado e no país.
Não apenas a forma arcaica como a eleição se processará, mas o momento escolhido, em data de votação num dia útil de trabalho, no meio dessa pandemia, dificultará e até mesmo impedirá que os engenheiros dos municípios onde há urnas – a maioria distante dos locais de trabalho – consigam suspender o expediente e se deslocar até uma inspetoria do Crea-SC para votar.
Para se ter uma ideia do verdadeiro escândalo, na última eleição em SC, de 42 mil aptos a votar, apenas 5 mil votantes manifestaram sua escolha. A quem interessa a manutenção desse estado de coisas? A quem interessa que apenas 5% dos profissionais tenham a oportunidade democrática de eleger seus pares? A quem interessa que sempre os mesmos votantes mantenham tudo como está há décadas, sem mudanças, sem que as entidades sejam arejadas pela chegada de novos dirigentes, sem ampla representatividade da engenharia?
O Senge-SC repudia a falta de visão ou os interesses que pontuam a insistência na manutenção de uma sistemática retrógrada e em total desalinho com os tempos em que o mundo vive, onde é possível – desde que criadas as condições necessárias – que um engenheiro consiga votar de qualquer lugar do mundo, manifestando a sua vontade e contribuindo para a soberania da sua classe.
O mais surpreendente é que decisões como essas, excluindo a totalidade da engenharia da manifestação legítima da sua opinião, sejam tomadas por reduzidíssimo número de cabeças coroadas no CONFEA, que há anos se agarram a cargos, sem constrangimento aparente, apenas porque assim o querem. Está mais do que na hora da engenharia se agigantar e assumir as responsabilidades por decisões que a todos afetam e apenas a alguns poucos interessa.
O Senge-SC registra sua rejeição e desprezo por quem se limita a lutar pela continuidade de um sistema praticamente falido, do qual o mínimo que pode se dizer é que é declaradamente antidemocrático. E conclama os colegas engenheiros que no dia 15 de julho compareçam às urnas e votem, contribuindo para mostrar ao Confea que nossa classe não cairá nessa armadilha, e sim, contribuirá para o início de uma necessária reação a essa repugnante política.