Às 23h49 de sábado, 11/2, uma sirene sinalizou o início da operação de redução da carga da Ponte Hercílio Luz, momento mais importante e delicado da reforma do monumento até aqui. Com o smartphone na mão, o engenheiro mecânico Carlos Bastos Abraham, vice-presidente do Senge (Sindicato dos Engenheiros do Estado de Santa Catarina) e vice-presidente da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) enviava imagens e comentários para profissionais do Brasil inteiro sobre o início dos trabalhos. E fazia questão de destacar que a fase final de recuperação da ponte é a obra mais importante e desafiadora da engenharia da América Latina na atualidade.
Desde 21h autoridades, técnicos, profissionais da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e Guarda Municipal organizavam os preparativos na cabeceira insular da ponte. A sala de situação foi instalada no escritório local do Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura). Todas as providências foram cumpridas e nenhuma anormalidade foi registrado, exceto a forte chuva que atrasou o início dos trabalhos em 49 minutos, por causa de ajustes nos macacos hidráulicos.
Segundo o vice-presidente do Senge-SC, Carlos Abraham, o Sindicato vai continuar acompanhando e participando da obra. “Ainda mais emoções enfrentaremos com a etapa de transferência de cargas mais pesadas do que essa. Só assim a recuperação da ponte poderá ser efetivada.” O governador Raimundo Colombo, que chegou ao local às 22h15 e foi embora após a meia-noite, ressaltou sua ansiedade em relação à etapa mais complexa das obras. Lembrou ainda a importância da ponte para a melhoria da mobilidade urbana, citando os estudos que apontam um alívio de mais de 20% do tráfego de veículos na travessia ilha-continente quando a Hercílio Luz voltar a operar, possivelmente no segundo semestre de 2018. Presente à sala de situação, o prefeito Gean Loureiro também enalteceu o ritmo dos trabalhos e a importância da reinclusão da ponte no sistema viário da Capital.
Foi uma noite muito especial para a engenharia, para as autoridades e para todos que, de alguma forma, tiveram alguma relação com a história do monumento símbolo de Florianópolis e de Santa Catarina. No momento em que a sirene soou avisando o início dos trabalhos a emoção tomou conta de muitos que estavam na cabeceira insular, mesmo sob forte chuva e mesmo não sendo possível perceber exatamente o que as máquinas iriam fazer. O engenheiro Carlos Bastos Abraham comentou: “Nunca estivemos tão perto da solução. O governador Raimundo Colombo vai entrar para a história, como Hercílio Luz, o construtor”.
Ela ainda está feia, remendada, com trilhos provisórios, mas vai voltar a ser bela – e útil – em pouco mais de um ano. Vai auxiliar a mobilidade urbana e, por pelo menos 30 anos, não precisará de nenhuma outra intervenção mais radical, apenas a manutenção básica. Na visita do dia 9, o governador fez questão de enfatizar. “Todas as pontes, inclusive a Pedro Ivo e a Colombo Salles, precisam de manutenção, assim como as estradas”.
E essa talvez seja a confusão mais recorrente que muitos, sem conhecer as características técnicas, fazem a respeito da Ponte Hercílio Luz. Por ser de ferro e, desde sua inauguração, ela sempre consumiu recursos para sua manutenção. Muitos também desconhecem que, após 2006, os dois viadutos (insular e continental) foram recuperados (praticamente reconstruídos). A atual etapa, derradeira, é a mais complexa porque mexe com a ponte em si, o chamado vão central. Quase 50% das peças originais, que estavam corroídas pela ação do tempo, estão sendo substituídas. Um trabalho artesanal e admirável, dos engenheiros e operários da Teixeira Duarte, uma das maiores empresas de engenharia pesada do mundo.
Fonte: Carlos Damião – Notícias do Dia