Mais de dois mil e quinhentos participantes, palestrantes internacionais, lideranças de concessionárias do país e estandes das maiores empresas do setor. Mas o que mais impressiona no 1º Congresso Catarinense de Saneamento – Concasan que termina nesta sexta-feira em Florianópolis é a presença massiva de estudantes, que surpreendeu até mesmo os organizadores do evento.
Segundo o engenheiro Alexandre Trevisan, a organização contabiliza mais de 800 inscrições de estudantes. São alunos dos cursos de diversas engenharias – com destaque para a Sanitária e Ambiental -, mas também de Química e Oceanografia. Eles deixaram suas salas de aula na Ufsc, Udesc, Unisul, Univali e até nas distantes Unoesc e Universidade Federal do Paraná para aprender na prática os conteúdos de que ouviram falar em classe. Além dos universitários, os jovens alunos dos cursos de Saneamento, Química e Meio Ambiente do Instituto Técnico Federal (IFSC) aproveitaram o incentivo à participação dado na forma de desconto nas inscrições para participar.
Segundo a professora Andreza Thiesen Laureano, que também já foi aluna do mesmo IFSC onde hoje leciona, os cerca de 100 estudantes que a instituição levou ao Concasan foram motivados por interesse espontâneo: “não obrigamos a participação”, destaca. No segundo dia do evento ela já pode avaliar que a aprovação é unânime, com o grupo “engajado e participando de tudo”. Andreza lembra que não teve tal oportunidade em sua época de estudante, mas considera importante participar agora como professora: “nos atualiza com as tecnologias mais modernas, enriquecendo os conteúdos que vamos repassar em aula”. Juntamente com ela estão dez professores e técnicos do Instituto, que ainda trouxe um estande para a Feira de Saneamento paralela ao Congresso.
Gabrielly Pires, que além de aluna é bolsista do Ifsc, está se desdobrando entre as atividades do Congresso e o atendimento no estande do Instituto na Feira. Trabalho que ela comprovou ser muito interessante, pois já oportunizou diversos contatos para futuras visitas técnicas. “Como estou quase me formando, esse evento veio no momento certo. Me apaixonei pela área, e quero cursar Engenharia Sanitária e Ambiental”.
A colega de 7ª fase – que é integrada ao ensino médio –, Stefany Luciano, compartilha do entusiasmo. “É tudo muito interessante, nunca tive oportunidade de aprender dessa forma diferente”. Ela conta que tinha grande expectativa por participar, e se impressionou com a qualidade das plenárias. Mas também gostou da Feira, “onde as pessoas estão disponíveis para explicações, oportunizando conhecimento e troca”.
Estudante da 8ª fase da Engenharia Sanitária e Ambiental da Unisul, João Marco Gelsleichter também participa do Concasan pela empresa onde estagia, a Veolia. Veio em busca de novidades, e está gostando das experiências práticas proporcionadas pelas empresas expositoras. “As palestras são tão boas que falta tempo”, avalia. Ele acha que os intervalos entre os painéis poderiam ser maiores, para possibilitar maior participação. “Fica difícil ver tudo”.
Também aluna da 8ª fase da Sanitária e Ambiental da Unisul, Gabriela Alves Nunes já trabalha na área, e conta que “veio aprender, conhecer profissionais e seu dia a dia”. Ela é supervisora de ETE da Veolia, que faz a manutenção no município de Palhoça, e por isso seu maior interesse foi a palestra sobre georreferenciamento, “mas procuro acompanhar tudo”. No primeiro dia ela adorou participar da reunião da Acesa, a Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas. “O professor até nos apresentou, foi a oportunidade de conhecer recém-formados, criar uma ponte para inserção no mercado, além de divulgar o curso da Unisul”.
Marina Portella está perto da formatura em Engenharia Sanitária e Ambiental da Ufsc e veio motivada pela ampla divulgação dada pelo Centro Acadêmico do curso, que conseguiu um bom desconto na inscrição para o grupo. Está gostando muito das palestras, mas lamenta o curto tempo para as exposições: “são trabalhos importantes, não dá para aprofundar muito”. Aprendeu muito na primeira plenária do Congresso, “Saneamento em Cidades Litorâneas”, sobre um tema novo para ela, os emissários submarinos. Marina é filha da administradora Vera Portella, que é funcionária da CASAN. Mas garante que sua opção não foi influenciada pela mãe: “sabia que queria uma das engenharias, mas hoje vejo que Sanitária Ambiental é o único curso que eu faria!”
UDESC DE IBIRAMA EM PESO NO CONCASAN
Entre os mais de 800 estudantes inscritos, um grupo chama ainda mais a atenção. Do do campus do curso de Engenharia Sanitária da Udesc na pequena Ibirama, no Alto Vale catarinense, vieram 54 alunos. “É quase metade do nosso corpo discente”, conta o professor Eduardo Rodrigues, um dos três que acompanham o grupo. Ele explica que a grande participação foi possível por causa do incentivo proporcionado pela CASAN para viabilizar as inscrições. “Muitos nunca tiveram oportunidade de participar sequer de uma visita técnica. O contato com empresas e profissionais da área é muito importante, e para a maioria aqui é o primeiro contato com o mundo da Engenharia Sanitária”, lembra Eduardo. Embora a maioria do grupo tenha participado apenas do primeiro dia, já que o ônibus teve que voltar na madrugada de sexta, muitos jovens ficaram, “alguns procurando ‘se virar’ com hospedagem para aproveitar mais do Congresso”, conta o professor.
Eduardo diz que o feedback que tem recebido é muito bom. “Eles estão gostando muito, e fazendo contatos importantes com formandos da Ufsc, com quem trocaram ideias de possível atuação depois de formados”. O professor destaca a importância de um acontecimento deste porte acontecer descentralizado dos grandes centros: “quando esses jovens teriam oportunidade de conhecer pessoalmente George Tchobanoglous, que só conhecem de livros?”
As estudantes Fernanda Gois e Rebeca Schnitzer concordam com seu professor, e até fizeram selfies com o mestre George Tchobanoglous. “Só não trouxe o livro dele para que autografasse porque é muito pesado”, brinca Fernanda. Segundo as meninas ele é muito acessível, “um querido”. Ambas conseguiram ficar para o segundo dia de Congresso, Fernanda com hospedagem paga pela CASAN, onde trabalha na ETE de Indaial, e Rebeca por ter família em Florianópolis para hospedá-la. Mas sabem que muitos colegas foram atrás de amigos e locais em conta para aproveitar mais um dia de aula prática. “Além das palestras, que superaram as expectativas, a Feira de Saneamento proporcionou contatos com equipamentos, e os expositores se mostraram muito receptivos aos estudantes”, elogia Fernanda. As meninas destacam a linguagem dos palestrantes, acessível para que diferentes níveis de formação entendam, e a boa distribuição de conteúdo entre os dois dias de programação como pontos altos do evento, que já entrou para a história de sua formação profissional.
Fonte: Comunicação Casan