Na tarde de 6 de junho, a representante do Gabinete Municipal de Meio Ambiente da cidade de Lisboa, Sofia Cordeiro, proferiu a palestra magna de abertura do 2º Congresso Catarinense de Saneamento que está acontecendo no Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira, em Canasvieiras, Norte da Ilha de Santa Catarina, até sexta-feira.
A pesquisadora participa da implementação do programa Princípios para Cidades Conscientes na Gestão da Água da International Water Association (IWA) na capital portuguesa e compartilhou com os participantes do Concasan as ações que Lisboa está desenvolvendo para tornar a gestão da água sustentável.
A IWA é formada por uma rede de especialistas e conta com a adesão corporativa de cidades do mundo todo. Lisboa, com 550 mil habitantes, uma população flutuante de mais 380 mil e um fluxo de 5 milhões de turistas/ano, tem uma pressão demográfica grande, além de desafios climáticos, como o aumento de chuvas e de temperatura na região.
Sofia explicou que os princípios do programa da IWA para equacionar os problemas da gestão da água incluem uma visão de futuro; a governança integrada entre diferentes níveis de governo e áreas como habitação, saneamento e urbanismo e o conhecimento e a competência, “daí a importância de eventos como o Concasan para capacitação”, lembrou a pesquisadora, além de ferramentas de planejamento e ação.
Ela destacou ainda a importância de planejar espaços urbanos que permitam minimizar o impacto ambiental: “escolher materiais mais sustentáveis tem muito resultado”, exemplificou. Outros pontos importantes ressaltados pela pesquisadora foram a proteção de bacias hidrográficas e a consciência dos cidadãos.
“Importante ouvir do prefeito de Florianópolis aqui na abertura falar que saneamento é uma área prioritária, com projeto de lixo zero e universalização do tratamento de esgotos”, louvou a palestrante.
Sofia Cordeiro falou ainda da importância da estrutura verde na mitigação dos problemas ambientais, e de uma alteração do paradigma urbano para garantir a permeabilidade do solo. Ela mostrou que em Lisboa nos últimos anos foi criada uma rede de corredores verdes, com ciclovias, praças com solo permeável e hortas urbanas. “Soluções simples, mas de grande impacto ambiental”, resume.
Também foi apresentado o projeto de despoluição do Rio Tejo, que banha a Capital portuguesa. Com a criação da Reserva Natural do Estuário foi possível a recuperação da fauna – com o retorno dos golfinhos que não eram mais vistos no rio – e possibilitando o uso da população para atividades de lazer. Para isso foi feito um plano de drenagem, a erradicação de descargas e reutilização de águas residuais. Mais uma vez a pesquisadora traçou o paralelo com Florianópolis, citando o Projeto de Balneabilidade da Beira Mar em andamento pela CASAN e Prefeitura: “que num próximo Concasan se possa mostrar os resultados de uma Beira Mar despoluída”, desejou.
Sofia informou que Lisboa também é a 4ª cidade mais eficiente em perdas de água tratada, investindo em redes mas também em tecnologia para identificar e corrigir fugas de água. E lembrou a importância de “fechar o ciclo urbano da água”, ou seja: ao invés de despejar o efluente no rio, tratar e reutilizar. “Flórida e Cingapura já utilizam água reaproveitada para beber”, afirmou.
O próximo projeto do Programa da IWA na Capital portuguesa será utilizar água reciclada em diversos locais da cidade através de uma rede de distribuição, para rega de áreas verdes e lavação de ruas. “Estima-se que 75% do consumo em Lisboa é de água que pode ser não tratada”, explica.
A pesquisadora concluiu sua explanação ressaltando a importância de trabalhar água, energia e estrutura verde em conjunto. E anunciou que Lisboa concorre à Capital Verde Europeia graças às iniciativas desenvolvidas no Programa.
Sofia convidou Florianópolis à integrar-se à rede, lembrando que “se os desafios são comuns, as soluções são partilhadas. E são nessas redes que encontramos as melhores soluções”.
O Congresso Catarinense de Saneamento – Concasan já é um dos principais eventos da área no Brasil e transforma Florianópolis na Capital Brasileira do Saneamento e no principal palco de debate de temas ligados à água e ao esgoto. A programação continua nesta quinta e sexta-feira, com especialistas da Dinamarca, Estados Unidos, Inglaterra e Portugal, além de pesquisadores considerados referência no Brasil. A organização do evento é do Sindicato dos Engenheiros – Senge – em parceria com a CASAN.
Com informações da Casan