Um brinde com uma cerveja produzida a partir de água recuperada no sistema de tratamento de esgoto do distrito de Orange County, na Califórnia, fechou a palestra da manhã desta sexta-feira do Congresso Catarinense de Saneamento.
O brinde foi proposto por Carlos Arias, pesquisador da Universidade de Aahrus, da Dinamarca, estudioso da área de desenvolvimento e otimização de sistemas de tratamento descentralizado e processos de remoção de contaminantes da água.
Apresentando casos de diversos países, o professor mostrou à plateia diferentes métodos e processos de tratamento descentralizado do esgoto.
Desde o início de sua fala ressaltou a satisfação de conversar com uma plateia repleta de estudantes, reforçando ao longo de sua palestra a importância dos futuros profissionais e a mensagem que constantemente permeou o Congresso Catarinense de Saneamento: a importância do tratamento do esgoto não apenas para que seja possível devolver efluente para a natureza, mas como uma forma de reutilizar a água e diversos outros subprodutos (como o biogás, e o fósforo).
Depois de contextualizar o quanto o mundo precisa ainda avançar nas condições de oferta de água potável e de tratamento de esgotos, o pesquisador da Dinamarca apresentou um conjunto de tecnologias, processos e casos práticos de tratamento descentralizado, que associam processos naturais e tecnologias para recuperar as águas residuais.
Mostrou, por exemplo, como essa sistemática foi fundamental para atendimento de comunidades devastadas da Tailândia após o tsunami.
“A água é um recurso que precisamos recuperar. Precisamos valorizar a água e tudo que há nela ou que resulta dos processos de recuperação”, resumiu, dizendo-se honrado com a presença de estudantes e jovens que darão continuidade aos estudos e ao desenvolvimento de inovações para tornar essa meta realidade.
“Atualmente somente 43% do esgoto coletado nos municípios listados no Atlas de Esgoto de 2017 da ANA são tratados. Temos o grande desafio de melhorar essa estatística”, destacou em sua fala o professor Marcos Von Sperling, da Universidade Federal de Minas Gerais, também palestrante na manhã desta sexta-feira no Concasan.
Autor de livros-texto publicados em três idiomas e de cerca de 400 trabalhos em anais de eventos e em periódicos científicos, o professor trouxe ao encontro um panorama geral sobre as atuais tecnologias de tratamento, abordando a eficiência dos diferentes processos para atendimento das exigências da Resolução 357 do Conama, que estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes nos corpos d´água.
“Atualmente o Brasil é um dos países mais avançados em termos de tecnológicas anaeróbias de tratamento, mas ainda temos muito a avançar”, disse Sperling. “É uma satisfação muito grande ser convidado a falar nesse evento, e estar em frente a essa plateia lotada, uma massa cinzenta que com certeza dará sua colaboração na melhoria das condições de saneamento do país”, disse o pesquisador valorizando o público que lotava o principal auditório do Centro de Eventos de Canasvieiras.
Fonte: Casan