A necessidade de restauração das duas pontes que fazem a ligação continente – ilha na Capital catarinense foi tema de reunião promovida pela Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (25/4). Engenheiros e representantes dos órgãos responsáveis compareceram ao encontro, a convite do presidente da comissão, deputado João Amin (PP), e debateram a real situação das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos. Representando os engenheiros estava o vice-presidente do Senge-SC e da FNE, Carlos Bastos Abraham.
O deputado João Amin demonstrou preocupação com os dois principais equipamentos de mobilidade que permitem a entrada e a saída da Ilha de Santa Catarina. “A Ponte Colombo Salles foi inaugurada em 1975. A Ponte Pedro Ivo foi inaugurada em 1991. Nenhuma das duas passou por uma reforma estruturante após a inauguração”, alertou.
A situação de comprometimento e abandono foi constatada em inquérito civil aberto em 2011, de acordo com o promotor Daniel Paladino. “Verificou-se que as duas estruturas não recebem manutenção periódica há muito tempo.” Segundo ele, um laudo assinado por cinco engenheiros atestou os problemas das estruturas e o Deinfra foi condenado a realizar obras de manutenção e restauração das pontes. “Recomendamos que as providências sejam adotadas imediatamente, embora não haja risco de desabamento das pontes”, frisou o promotor.
O engenheiro Roberto de Oliveira, diretor da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE), apontou preocupação com a base do bloco de fundação das pontes, que sofre contato direto com a névoa salina e com a água do mar, e recomendou que os trabalhos de correção foquem os aspectos estruturais. “A situação pode provocar um colapso inimaginável. O trabalho de recuperação precisa ser feito”, enfatizou. Oliveira criticou a omissão dos governos na manutenção das obras de engenharia no Brasil e disse que, à medida que a manutenção não é feita, os custos de recuperação aumentam.
A recuperação das duas pontes será viabilizada com recursos do novo financiamento que o governo do Estado está contratando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com o engenheiro do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Wenceslau Diotallevy, que representou o secretário de Infraestrutura na reunião. Conforme Diotallevy, a empresa responsável pela obra já foi licitada e atuará com base em um amplo estudo das condições das duas pontes.
Entre as obras necessárias, ele apontou que será necessário renovar as armaduras de concreto. “A extensão e a profundidade das fissuras têm de ser verificadas durante o picotamento do concreto”, explicou. No entanto, ele garantiu que não haverá necessidade de mexer nos aparelhos de apoio das pontes e que as avaliações realizadas confirmaram que as duas estruturas ainda têm bastante tempo de vida útil. “Claro, a proteção tem que ser feita porque o risco é diminuir a vida útil.” Outra recomendação é que sejam retiradas de dentro da Ponte Colombo Salles as adutoras da Casan, para diminuir o risco de acidentes com comprometimento estrutural da ponte.
Embora a Ponte Pedro Ivo Campos seja bem mais nova, o engenheiro do Deinfra afirmou que os problemas são semelhantes. A diferença é que a Ponte Pedro Ivo tem estruturas metálicas de ligação, que estão sofrendo oxidação, por isso precisam ser recuperadas e pintadas.
O vice-presidente do Senge-SC e da FNE falou que um dos graves problemas no país também é a cultura brasileira é a inauguração e depois o abandono da obra pronta, não mantendo as obras como deveriam. Ele ressaltou, portanto, a importância dos governantes se aterem para a manutenção constante das três pontes logo após as suas recuperações. Abraham diz que há mais de 35 anos acompanha a reforma interminável da ponte Hercílio Luz, e que acredita no fim da obra sob o comando da fiscalização do colega engenheiro Wenceslau Diotallevy. “Já as duas pontes de concreto, mesmo não sendo preocupantes em relação estrutural, o seu abandono é uma vergonha perante a engenharia, queremos ver logo a recuperação das mesmas”. Abraham parabenizou a iniciativa do deputado João Amin e o trabalho do promotor Daniel Paladino, que forçou a situação, “já que no nosso país tudo funciona na base da pressão.”
Com informações da Alesc