O proprietário de um carro com motor 1.0 novo, antigamente chamado de “popular”, gasta, em média, R$ 900 a menos por ano em combustível em comparação a cinco anos atrás. A economia é decorrente da melhora na eficiência energética dos automóveis brasileiros, medida estabelecida no programa Inovar-Auto e que passou a ser obrigatória a partir do ano passado.
Só neste ano, a estimativa é de que R$ 2 bilhões deixarão de ser gastos em combustível, montante que, no acumulado de seis anos, atingirá economia de cerca de R$ 44 bilhões, segundo cálculos da consultoria Bright, que assessora o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) na discussão de políticas automotivas.
O dado da economia total leva em conta o aumento médio de 15% na eficiência energética dos automóveis (exceto os movidos a diesel), porcentual que deverá ser cumprido pelas fabricantes até 2022, quando novas metas de redução entrarão em vigor. A conta também inclui a projeção de vendas de carros e comerciais leves flex nesse período.
No caso dos modelos compactos com motor 1.0, o rendimento médio na estrada era de 14 km por litro de gasolina em 2012, média que hoje é de 16,6 km/l. Com isso, um automóvel que percorreu 20 mil km em um ano consumiu 224 litros a menos, deixando de gastar R$ 896, cálculo que considera o preço atual do combustível, de cerca de R$ 4 por litro.
Meta mínima. Com novas metas a serem estabelecidas no programa Rota 2030 (substituto do Inovar-Auto, que aguarda aprovação do Ministério da Fazenda), para valerem a partir de 2022 em uma das etapas, e a partir de 2027, na etapa seguinte, “o carro brasileiro terá condições de competir em qualquer mercado global em termos de legislação de emissões e consumo”, afirma Paulo Cardamone, chefe de estratégia da Bright.
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Segundo ele, o mínimo a ser estabelecido deve ser de melhora de 12% na eficiência, mesmo porcentual exigido no Inovar-Auto. No programa anterior, cada montadora tinha de atender a meta mínima de reduzir em 12% a média de consumo de seus modelos. Empresas que atingissem redução de 15,4% receberiam como “prêmio” desconto de 1 ponto porcentual no IPI. Quem fosse além e atingisse 18,8% teria direito a desconto de 2 pontos de IPI.
Segundo o Mdic, oito empresas melhoraram a eficiência de seus produtos em 15,4% – Audi, Honda, Mercedes-Benz, Nissan, PSA (Peugeot e Citroën), Renault, Toyota e Volkswagen. Ford e General Motors foram as únicas a atingirem redução na casa dos 18%. As demais cumpriram a meta de 12%.
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O carro mais vendido do mercado, o Chevrolet Onix, teve seu consumo reduzido em 18%. Para atingir esse porcentual, uma das medidas adotadas, segundo a General Motors, foi a redução do peso do veículo em 32 quilos. “Mais de cem componentes foram retrabalhados, aumentando a aplicação de aço de alta resistência em painéis e reforços”, informa a fabricante.
Passaram por mudanças, sejam tecnológicas ou de peso, componentes como motor, transmissão, suspensão, freio, pistões, bielas e anéis. Mudanças foram feitas na aerodinâmica do modelo e o câmbio passou a ter seis marchas nas versões manual e automática.
Nos cálculos do Mdic, além da redução do consumo, os carros com motores mais eficientes vão evitar a emissão de 1 milhão de toneladas de gás carbônico por ano.
Inspeção veicular. Cardamone lembra que outra medida já aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), para entrar em vigor em 2019, é a obrigatoriedade de inspeção veicular em todo o País.
A vistoria para avaliar as condições de segurança e de emissões de poluentes será feita em veículos com mais de três anos de uso. A previsão é de que cerca de 400 mil carros serão excluídos anualmente da frota nacional, hoje estimada em 42 milhões de veículos.
Veículos terão mais itens de segurança
Os carros brasileiros também ficarão mais seguros. Assim como ocorreu com a obrigatoriedade de saírem de fábrica com airbag e freio ABS, o Conselho Nacional de Trânsito (Contram) aprovou no fim de 2017 uma lista de 13 itens de segurança que deverão estar em todos os veículos novos nacionais e importados.
As regulamentações serão publicadas ao longo dos próximos quatro anos, e cada uma delas indicará a data limite para os equipamentos serem incorporados pelas fabricantes, que terão tempo para modificar os novos projetos.
A lista contém alerta de frenagem emergencial, câmara de ré, aviso de afivelamento de cintos de segurança, aviso de manutenção de faixa, frenagem automática emergencial e gravador de dados de acidentes de trânsito (uma espécie de caixa preta, como há nos aviões). Também serão estabelecidas novas normas para buzinas, retrovisores, dobradiças e fechaduras, reforços estruturais para proteção contra impactos frontal, traseiro e lateral e itens de acessibilidade.
Fonte: Estadão