A campanha publicitária em defesa da reforma da Previdência que o governo federal colocou no ar no fim do ano passado já custou R$ 59,1 milhões, segundo dados da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) obtidos por meio do Sistema de Acesso à Informação do governo federal. Mas o investimento pode não ter surtido o efeito esperado.
Com o objetivo de acompanhar a recepção da população aos vídeos da campanha, o governo também encomendou pesquisas qualitativas a duas empresas entre fevereiro e março deste ano.
A empresa Mood Pesquisa e Estratégia avaliou o material com 12 grupos, quatro por localidade: São Paulo, Porto Alegre e Recife.
As pessoas que participaram dessa avaliação consideram a campanha “vaga” e com informações “genéricas demais, imprecisas, superficiais e, para alguns, até mesmo mentirosas”.
Segundo eles, a campanha fala da necessidade e da urgência da reforma, mas não traz explicações sobre “como” ela vai acontecer, e isso “gera medo e desconforto”.
Uma segunda pesquisa foi realizada pelo Instituto Análise com quatro grupos de até 12 pessoas, dois em São Paulo e dois em Porto Alegre. Esses participantes perceberam a campanha como “relevante neste momento, pois trata-se de utilidade pública”.
Em ambas as localidades, no entanto, as pessoas também questionaram a falta de explicação sobre como vão ocorrer as mudanças.
Em Porto Alegre, os participantes disseram ainda que o governo quer impor “uma solução [a reforma] para a população de um problema que não foi a população que criou”.
ORIGEM DOS RECURSOS
A origem dos recursos que financiaram a campanha também é outro ponto de polêmica. Além da verba da Secom, a propaganda também já consumiu verba de outros dois ministérios.
Em dezembro, a Secom realizou um termo de execução descentralizada com o Ministério do Esporte para poder utilizar um total de R$ 7,5 milhões.
Até o fim de junho, desse total, o governo já gastou R$ 6,6 milhões. Já do Turismo foram utilizados até então R$ 4,75 milhões.
Integrantes da oposição levaram a questão à Procuradoria-Geral da República, que após avaliação decidiu arquivar a denúncia por considerar que não ocorreu improbidade administrativa.
Procurado para comentar os resultados das pesquisas e o uso da verba, o governo informou, por nota, que as “perguntas devem ser encaminhadas via LAI (Lei de Acesso à Informação). O prazo máximo para retorno desses pedidos, porém, é de 20 dias.
Fonte: Folha SP