A BP Energy vai manter a exploração e produção de petróleo no Brasil, mas agora totalmente direcionada ao pré-sal das bacias de Campos e Santos, no litoral do Sudeste, disse ao Estadão/Broadcast a vice-presidente da companhia para América Latina, Angélica Ruiz. Ao mesmo tempo, serão ampliados os esforços para escalar os negócios ligados a fontes renováveis e biocombustíveis.
É a primeira vez que a executiva fala publicamente à frente da BP Brasil, cargo que passou a acumular neste início de ano. Angélica também comanda a subsidiária da empresa no México, seu país de origem, desde 2018. Nos próximos anos, diz ela, essas duas frentes de negócio da BP – Exploração e Produção (E&P) e renováveis – vão passar decisivamente pelo Brasil.
A BP chegou a ter 23 concessões para exploração e produção de óleo e gás espalhadas pelo País, mas enxugou esse número para os dez blocos atuais, dos quais sete já estão no Sudeste. A tendência é que esse portfólio volte a crescer, mas de maneira concentrada no mapa. “Estamos entusiasmados para demonstrar que vamos ficar no Brasil no longo prazo”, diz Angélica.
Em paralelo à exploração em dois blocos da Bacia de Santos (Alto de Cabo Frio, onde já foi encontrado óleo, e Pau Brasil), a executiva indica que a empresa deve perseguir novas aquisições no Sudeste nos próximos leilões, a exemplo do bloco de Bumerangue. No último leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em dezembro, a BP arrematou a área sozinha, a um bônus de assinatura de R$ 8,8 milhões e parcela de 5,9% do óleo-lucro – volume de petróleo que sobra após o desconto dos custos de produção e investimento.
”Acabamos de ganhar o bloco de Bumerangue e isso realmente consolida o que estamos fazendo, que é se concentrar principalmente nas bacias de Campos e Santos”, afirma a executiva.
Metas de produção
A BP Energy ajustou a redução de sua produção de petróleo e gás. A companhia ainda reduzirá, mas agora em aproximadamente 25% até 2030, em comparação com cerca de 40% anteriormente. As metas para 2050 foram mantidas. Isso requer cortar a produção diária no mundo dos atuais 2,6 milhões de barris por dia para 1,5 milhão ao fim da década sem queda proporcional de receita da atividade petroleira.
Segundo Angélica Ruiz, o volume planejado para o fim da década ainda exige renovação de reservas e desenvolvimento de novos campos em um negócio em que a taxa de declínio chega a 10% ao ano. A manutenção da receita ainda exige maior produtividade. É por isso que parte importante desse processo vai acontecer no pré-sal, onde os britânicos enxergam os chamados “hidrocarbonetos resilientes”, ou seja, campos com maior produtividade, marcados por baixo custo de produção e menor emissão de gás carbônico. Em todo o mundo, são essas as províncias petrolíferas que terão sobrevida em tempos de transição.
Por ora, estão descartadas investidas da BP na Margem Equatorial, conjunto de bacias no litoral norte do País onde a Petrobras vislumbra operações.
Como vice-presidente para América Latina, Angélica chega ao Brasil para colocá-lo no topo da lista de países produtores da BP após 65 anos de presença no País. Outra missão é consolidar os negócios da empresa em biocombustíveis e renováveis.
Globalmente, a BP planeja aumentar em 20 vezes a capacidade do portfólio de energia renovável, de 2,5 GW para 50 GW nos oito anos até 2030. Mais uma vez, diz a vice-presidente, parcela importante disso virá do Brasil. Para isso, a empresa planeja aumentar o investimento anual em energia de baixo carbono dos US$ 500 milhões registrados no fim da década passada para US$ 5 bilhões daqui a oito anos.
Fonte: Estadão