Atualmente, os engenheiros de rede enfrentam uma enorme complexidade, em parte por causa da crescente demanda, mas também em virtude da diversidade de protocolos e do número elevado de aplicativos de várias camadas, que geralmente estão fora do controle deles.
Combinado às melhorias no failover automatizado, tornou-se impossível (exceto nas organizações de maior porte) para os administradores de rede se manterem altamente especializados; ou seja, foi-se o tempo em que eles tinham total domínio sobre o assunto.
Os administradores de rede de hoje ficam presos entre as tarefas diárias de gerenciamento de alterações, as atualizações de hardware e as mudanças estratégicas necessárias para sustentar as novas iniciativas comerciais, além do trabalho de solução de problemas sob demanda que fazem a pedido dos outros.
Além de tudo isso, a automação incentiva os gerentes de TI a otimizar suas equipes, no entanto, à medida que a complexidade da rede aumenta, o número de pessoas disponíveis para ajudar a realizar essas tarefas acaba diminuindo.
Porém, isso não significa que o futuro da administração de rede é desfavorável. Os engenheiros de rede têm várias maneiras de aprimorar suas habilidades e continuar relevantes em suas organizações, principalmente neste momento em que a TI híbrida está assumindo um papel crucial.
De acordo com o mais recente Relatório de tendências em TI da SolarWinds, apenas 9% das organizações norte-americanas ainda não migraram pelo menos alguma parte da infraestrutura para a nuvem, e quase todos os profissionais de TI afirmam que a adoção de tecnologias de nuvem é importante para o sucesso dos negócios a longo prazo para suas organizações.
A rede em um ambiente híbrido
Em ambientes tão complexos, os administradores de rede precisam de habilidade para examinar os detalhes de desempenho, tráfego e configuração dos dispositivos, tanto dentro quanto fora das redes tradicionais. No entanto, a TI híbrida faz com que os administradores de rede tenham muito mais opacidade ou total falta de controle sobre os recursos na nuvem que eles precisam gerenciar e monitorar.
Como a expectativa do usuário final é que a TI seja capaz de garantir a entrega dos serviços do mesmo modo que a nuvem ou o hardware local, isso pode ser frustrante. O problema se agrava com os provedores de serviços de nuvem que lançam ferramentas de monitoramento e gerenciamento proprietárias, mas que não são independentes de fornecedor.
Na verdade, elas aumentam a carga de trabalho dos administradores, que devem alternar entre vários painéis sem a vantagem da visão holística que lhes permite resolver problemas rapidamente.
Em geral, essas ferramentas também emitem alertas sem indicar a causa do problema. Por exemplo, no caso de um aplicativo em execução no datacenter, os administradores de rede têm a visibilidade de cada camada de rede necessária para hospedar o hipervisor.
Entretanto, quando esse aplicativo é migrado para a nuvem, os administradores de rede não conseguem monitorá-lo facilmente porque perdem a autoridade administrativa. Eles precisam de uma nova maneira de monitorá-lo para manter a mesma visibilidade avançada de quando o aplicativo está no hardware local.
Os administradores ainda precisam monitorar o desempenho da interface e identificar problemas na entrega de serviços como parte da conexão dos caminhos entre o serviço e o usuário final. As novas tecnologias disponíveis revelam a conectividade física dos componentes de serviços e dos usuários finais que podem estar passando por problemas de desempenho.
Portanto, embora o uso de ferramentas oferecidas por vários fornecedores possa representar uma economia a curto prazo, ter um grande número de soluções diferentes por si só é um problema: não se trata de uma estratégia coerente e integrada de notificações e alertas que possibilita aos administradores manterem o controle do desempenho, resultando em perda de tempo e dinheiro a longo prazo.
A ascensão do engenheiro de monitoramento dedicado
A TI híbrida tem chamado a atenção para a necessidade de uma nova abordagem de monitoramento e gerenciamento de elementos básicos. É nesse ponto que entra o monitoramento como disciplina, que é diferente do monitoramento simples por tratar-se de uma função definida de um ou mais indivíduos na organização.
Um engenheiro de monitoramento designado é capaz de trabalhar em vários sistemas e ambientes, removendo silos de rede e datacenter e adquirindo capacidade para transformar pontos de dados gerados pelas ferramentas de monitoramento em insights úteis para os negócios.
A contratação de um engenheiro de monitoramento ou, melhor ainda, de uma equipe desses engenheiros, deve ser considerada um investimento fundamental para o sucesso dos serviços e dos negócios.
É válido comentar que as empresas precisam de um efetivo específico para gerir os negócios e manter sua operação, mas outro ponto muito importante quando se trata de TI, que é amplamente vista como um centro de custo, é que a maioria dos departamentos excede o orçamento todos os anos.
No entanto, empresas esclarecidas começam a ver o monitoramento como um meio econômico de aumentar o ROI de TI. Em vez de comprar ferramentas ad hoc para observar a tecnologia delas, as empresas modernas descobriram uma forma de incluir disciplina e estrutura em suas práticas de monitoramento com equipes e recursos.
Para a organização certa, a equipe pode ser composta por engenheiros de monitoramento, cada um com uma especialização (monitoramento de rede, de sistemas etc.), mas trabalhando em sintonia com um “ponto único de verdade” em relação ao desempenho geral da infraestrutura.
Como criar o caso comercial para um engenheiro de monitoramento
Ciente da complexidade de TI cada vez mais acelerada, é importante que o gerenciamento de TI comece a incutir o monitoramento como um princípio disciplinar na empresa.
Os profissionais de TI já dependem de tempo e recursos, e o gerenciamento precisa intervir para ajudar na preparação interna, oferecer exemplos e práticas recomendadas e estipular um orçamento para o desenvolvimento de novas ferramentas e tecnologias a fim de obter todos os benefícios do monitoramento como disciplina.
O gerenciamento deve criar um caso comercial sólido para que os engenheiros de monitoramento atinjam o ROI no âmbito da organização, e não apenas no departamento de TI.
Habilidades fundamentais do engenheiro de monitoramento
Embora os engenheiros de monitoramento precisem ter as habilidades básicas de engenharia de rede, há algumas habilidades específicas complementares que são necessárias para conquistar o verdadeiro sucesso na função. Dentre elas:
• Visão de programador voltada para a personalização e vontade de progredir: geralmente, compramos a tecnologia personalizada e a usamos imediatamente. No entanto, o engenheiro de monitoramento mais bem-sucedido estará sempre pensando em como melhorá-la cada vez mais.
• Visão de analista dos dados: em vez de inserir milhões de números em uma planilha, o engenheiro de monitoramento deve fazer uma retrospectiva, avaliar a situação geral e buscar entender a utilidade dos relatórios de monitoramento para os seus “clientes” e como eles devem ser visualizados. E eles devem se lembrar de que menos é mais.
• Além de manter suas habilidades com experiência, estudar é fundamental: a melhor maneira de aprimorar as habilidades é aprender dinamicamente, além de dedicar mais tempo para testar novas tecnologias e processos em um ambiente de laboratório.
A complexidade das redes aumenta à medida que se tornam mais vinculadas a todos os elementos do ambiente de TI, estendendo-se até a nuvem. O gerenciamento de TI deve aproveitar essa oportunidade para obter o máximo de retorno possível da tecnologia existente, contratando um engenheiro ou uma equipe de monitoramento com pelo menos uma pessoa dedicada à rede que trabalhe em sintonia com as equipes existentes para monitorar globalmente o desempenho de toda a infraestrutura de TI.
Seja no hardware local ou na nuvem, esses recursos estão voltados para a melhoria dos sistemas existentes, a entrega do ROI prometido e o progresso constante dos negócios.
Patrick Hubbard, gerente técnico da SolarWinds. Artigo publicado no site www.baguete.com.br