A contribuição da ciência, tecnologia e inovação nos tempos de crise pela COVID-19 é essencial para enfrentar os atuais desafios de saúde, mas também para apoiar os esforços produtivos da recuperação econômica pós-pandemia.
“A humanidade está na corrida para encontrar uma vacina e tratamentos que neutralizem os efeitos da pandemia na saúde, e é aqui que esforços conjuntos e coordenados se tornam essenciais”, disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A contribuição da ciência, tecnologia e inovação nos tempos de crise pela COVID-19 é essencial para enfrentar os atuais desafios de saúde, mas também para apoiar os esforços produtivos da recuperação econômica pós-pandemia.
Essa é a opinião de diversos ministros de países latino-americanos e caribenhos, que se reuniram em encontro virtual promovido por Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A reunião dos países-membros da Conferência de Ciência, Inovação e Tecnologia da Informação e das Comunicações (TICs) – órgão subsidiário da CEPAL – contou com a participação de autoridades de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
O encontro foi liderado por Bárcena e Shamila Nair-Bedouelle, sub-diretora-geral de Ciências Exatas e Naturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e Luis Adrián Salazar Solís, ministro de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações da Costa Rica, em sua qualidade de presidente da Conferência.
Durante a reunião, a secretária-executiva da CEPAL apresentou uma visão geral do atual sistema científico e tecnológico na América Latina e no Caribe e seus principais desafios.
Ela observou que a infraestrutura digital está particularmente atrasada em relação a outras regiões e que, portanto, o desenvolvimento e a adoção de soluções digitais devem considerar os elementos estruturais dos países e os fatores facilitadores.
“A integração regional, as capacidades do setor de saúde e a economia digital devem ser fortalecidas”, afirmou.
“A pandemia destacou a necessidade de uma abordagem que transcenda o nacional e fortaleça a integração regional através de sistemas de ciência e tecnologia ligados entre países e seus sistemas de produção.”
“A humanidade está na corrida para encontrar uma vacina e tratamentos que neutralizem os efeitos da pandemia na saúde, e é aqui que esforços conjuntos e coordenados se tornam essenciais”, disse Bárcena.
Ela acrescentou que a contribuição da ciência, tecnologia e inovação nos tempos da pandemia e das políticas e instituições que as promovem não se limita à prevenção ou tratamento da doença.
“Temos que aproximar a ciência, a tecnologia e a inovação dos setores produtivos”, disse ela, como é o caso da fabricação de suprimentos médicos, vários produtos de proteção à saúde, testes para detectar o vírus e equipamentos essenciais como ventiladores mecânicos, entre outros.
Bárcena lembrou que a pandemia obrigou pessoas, empresas e Estados a adotarem novas formas de trabalho, de educação e de relacionamentos. Ela citou os desafios tecnológicos e sociais para garantir a possibilidade de teletrabalho e educação a distância para o maior número de pessoas.
No entanto, o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), que é de 0,7% do PIB da região, e o baixo percentual de pesquisadores dedicados a P&D (3%) exige um gerenciamento urgente e estratégico, enfatizou Bárcena.
Ela também destacou que o desenvolvimento e a adoção de soluções digitais são condicionados por fatores estruturais nos países da região. Por exemplo, apenas 26,6% do empregados formais da região podem trabalhar em casa, com variação significativa entre os países.
Além disso, o teletrabalho tem um impacto diferenciado nas mulheres devido à divisão sexual injusta do trabalho e à carga excessiva de trabalho não remunerado e de serviços domésticos que recai sobre elas.
Enquanto isso, em relação à educação a distância, explicou que ainda existem grandes problemas de conectividade – falta de acesso a equipamentos e conexão à Internet – que dificultam a educação na região.
Nos países com níveis mais baixos de conectividade, menos de 20% dos estudantes vivem em uma casa com conexão à Internet, disse Bárcena. Além disso, a alta incidência de superlotação nas residências, especialmente nos quintis de menor renda, afeta a qualidade da educação a distância, alertou.
“Nesse contexto urgente, a Conferência de Ciência, Inovação e TICs da CEPAL é apresentada como um espaço de colaboração e construção conjunta de iniciativas e capacidades regionais”, disse.
A chefe da CEPAL também informou que a Comissão está realizando estudos e relatórios especializados sobre a análise do uso de tecnologias digitais em tempos de COVID-19, bem como um documento de posicionamento sobre o cenário digital na região. Também está organizando um diálogo técnico e de alto nível com os países sobre o uso de tecnologias digitais em face da pandemia.
“Para influenciar a nova economia mundial, a região deve avançar em direção a uma maior inovação, integração produtiva, comercial e tecnológica. Um mercado integrado de 650 milhões de habitantes constituiria um importante seguro contra distúrbios gerados fora da região”, disse Bárcena.
Ela lembrou que a CEPAL está trabalhando em uma proposta para um novo regime universal de proteção social com renda básica cidadã, governança internacional inclusiva e sustentável, com base na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: FNE