A privatização da Eletrobras segue a todo vapor no governo Bolsonaro. A principal estatal do setor elétrico do país já aplica programas de redução de custos e de corte de funcionários, medidas que compõem o processo de venda total da Eletrobras para o capital privado. Entretanto, especialistas alertam que a medida não ajuda a economia e pode causar um apagão no país.
O sistema Eletrobras responde por quase metade da energia elétrica consumida no país, mas a maior companhia de distribuição de eletricidade da América Latina está na mira das privatizações desde o governo Michel Temer. “A gente pensar em vender uma empresa como essa vai na contramão de políticas energéticas que vêm sendo adotadas no mundo. Uma empresa deter a gestão de uma usina hidrelétrica não vai pensar o longo do rio e as comunidades ao redor, ela vai pensar só em gerar energia e fazer lucro”, disse o engenheiro elétrico e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Cássio Carvalho, ao repórter André Gianocari, da TVT.
Semana passada, a subsidiária Furnas anunciou a dispensa de 1.041 funcionários. A implementação do telecomando, operações realizadas por controle remoto, foi responsável pelo fim dos postos de trabalho.
“Em 2016, o sistema Eletrobras tinha 26 mil trabalhadores e nós estamos, hoje, com 14 mil. A previsão é que sejam cortados ainda três mil postos até 31 de dezembro deste ano”, relatou Wilson Almeida, diretor do Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia-CUT).
Cássio afirma que a privatização não coloca as contas do governo em dia, como alega Bolsonaro. “A gente viu, no primeiro trimestre de 2009, que o lucro líquido foi de R$ 5,5 bilhões. O ministro de Minas e Energia disse que a venda para o capital privado vai girar em torno de R$ 16 bilhões de reais, ou seja, as contas não batem”, criticou.
Com a venda da Eletrobras, os serviços tendem a ser precarizados e corre-se o risco até de o país ficar às escuras. “Muitas elétricas são antigas, com 30 ou 40 anos, então vai pegar (sic) esses equipamentos antigos e colocar um sistema moderno de telecomando. Vai criar uma instabilidade no sistema, criando um risco muito grande. O pior é que não teremos os trabalhadores para restabelecer o sistema”, alerta Wilson.
Brasil Atual