O X Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), promovido pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), realizado na semana passada aconteceu sob o tom do otimismo, fortalecimento e ainda mais união da categoria pela retomada do desenvolvimento nacional. Não é a toa que esse foi o mote do congresso, “Retomar o desenvolvimento e defender os engenheiros”, evento realizado às vésperas de um momento fundamental para os brasileiros: as eleições de 2018.
O Senge-SC esteve presente através do representante do Conselho Deliberativo da FNE, José Antônio Latrônico Filho; dos representantes na diretoria executiva da FNE, Carlos Bastos Abraham e José Carlos Ferreira Rauen e dos representantes dos associados: Reinando Fernandes, Wilson Floriani Júnior, Alexandre Trevisan, João Nazareno Vieira Lima, Antônio Israel Santin, Lucas Barros Arruda, Carlos Eduardo Marcussi Gomes, Pedro Inácio Bornahusen, Helton Araujo C. Carneiro, Leônidas Carlos Martins, Alexandre Casagranda, Thomaz Londero Moojen, Karla Maria Serpa Zavaleta, Robinsom Fernando Soares, Paulo Cesar Caringi, Luiz Abner de Holanda Bezerra, Gladimir Jeremias e Daniel Crippa Lemos.
Realizado a cada três anos para eleger uma nova diretoria da federação, bem como as bases que serão defendidas pela categoria enquanto política de valorização da engenharia, do trabalho e do País como um todo. Para isso, diversos debates sobre a conjuntura política, econômica e social ocorrerem antes da plenária final do congresso.
Em sua fala de saudação, Murilo Pinheiro, presidente da FNE, lembrou do momento atual que o Brasil passa “extremamente complicado” e pediu calma, força e união da engenharia. “Nós entendemos perfeitamente que somente com a engenharia unida vamos conseguir um Brasil mais forte”. Destacando o crescimento dos sindicatos devido a anos de trabalho e dedicação, Murilo procurou encorajar os presentes a buscarem as saídas para a crise e lembrou do esforço iniciado em 2006 para a construção das propostas do Cresce Brasil, que chega a este ano a mais uma edição com novas ideias aos candidatos e futuros governantes. Lembrou que a publicações está sendo entregue aos mesmos nesta eleição.
Murilo fez questão, ainda, de fazer coro com muitos dos que compuseram a mesa, e falaram anteriormente, de que “todos nós temos participação política” em um processo democrático e que é preciso rediscutir as reformas que foram feitas e as outras que são necessárias, mas com a população, estimulando e criando mecanismos para que isso ocorra. “As reformas realizadas precisam ser discutidas com a população e a classe trabalhadora. A reforma trabalhista foi algo muito violento e acredito que ano que vem será revista”.
Para o presidente da FNE o atual processo eleitoral é um momento estratégico para reconstruir as bases da categoria, duramente atingida não só com a crise econômica mas também política, base formada pelos trabalhadores e seus locais de trabalho. Também reforçou a defesa de setores estratégicos como petróleo, energia elétrica, saneamento e agronegócio. “Devemos estabelecer um pacto na política: votar e cobrar depois de eleitos. Precisamos discutir a corrupção, em como punir os corruptos e não as empresas”.
Esse também foi um ponto abordado por Ana Adalgisa Dias Paulino, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (CREA-RN), que lembrou, ainda, a importância de haver mais mulheres na engenharia e na política. Se dirigindo ao presidente da FNE, destacou: “Estamos sendo acusados de tudo que é mau feito. Diante disso, algo que aprendi com você, temos que nos unir ainda mais porque a engenharia unida é muito mais forte. Pelo desenvolvimento do Brasil e para proteger a nossa engenharia e nossa inteligência. Vamos colocar o País no rumo que ele deveria estar. A engenharia tem que ser protagonista”.
O vice-presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Ubiratan Félix Pereira da Silva, falou do papel importante da engenharia para a a administração pública e da FNE, uma vez que é a maior entidade nacional da categoria. Para isso, lembrou de quando um engenheiro ganhava mais que um juiz. “Quando morava no interior da Bahia, o maior salário era do engenheiro e o segundo era do topógrafo. O juiz morava numa pensão e recebia marmita da prefeitura. Quem ganhava mais eram os profissionais da engenharia. Mudamos essa situação. Hoje, ao invés de incentivar quem produz, quem pensa, quem desenvolve, incentivamos quem discuti o conflito. E o conflito não resolve. O que resolve é o desenvolvimento”, exclamou.
Harki Tanaka, diretor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC), representando Dássio Matheus, reitor da universidade, externou a preocupação com a inserção dos futuros engenheiros no mercado de trabalho: “A grande incerteza é como responder a pergunta dos alunos: Vou ter emprego, vou ter bom salário? Essa é uma angústia que estamos vivendo em sala de aula”.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou a necessidade de fortalecer as entidades sindicais para atuarem em defesa do trabalhadores. “Estamos com 14 milhões de desempregados. E certamente um congresso com essa dimensão e qualidade sinaliza caminhos, constrói pontes e possibilidades. É essa a ponta que queremos construir com trabalho e inclusão social”, disse.
Joel Krüger, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), também presente à mesa, lembrou que o tema do Conse é bastante oportuno: “Se queremos efetivamente recuperar o Brasil, precisamos que a engenharia esteja afrente das principais ações. Sabemos planejar, executar, e temos que também estar no comando”.
O deputado federal, Ronaldo Lessa (PDT), integrante da Frente Parlamentar Mista da Engenharia (da Câmara Federal e Senado), enfatizou a importância em não só fazer obras, mas decidir quais obras são mais importantes a serem feitas. “O que precisamos é a valorização e o reconhecimento da engenharia, mas isso não vai acontecer se ficarmos alheios aos processos”, alertou Lessa.
O deputado indagou a plateia “qual o projeto de Brasil que queremos” lembrando que enquanto a classe média briga, “os ricos brincam com metade do orçamento”. “Metade do PIB [Produto Interno Bruto] fica para pagar os juros dessa divida, fica com os ricos correntistas. Essa é a grande corrupção do País: o sistema financeiro. Os países ricos como Estados Unidos , França e Inglaterra cobram muito mais impostos dos ricos, do que o Brasil, que tem um sistema tributário perverso, que protege o rico e penaliza a classe média e os trabalhadores”.
Paulo Guimarães, presidente da Mutua Nacional Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas, arrematou: “Na defesa da engenharia, da soberania nacional, vamos, no Congresso Nacional, seguir juntos. A Mutua em conjunto com o Confea, Creas, FNE, seus sindicatos, Fisenge, seguimos nessa direção para que a engenharia passe de novo a ser liderança nas tomadas de decisões do nosso Brasil.”
Também estiveram presentes os vereadores Eliseu Gabriel (PSB), Gilberto Natalini (PV) e Police Neto (PSD); o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni; João Carlos Meireles, secretário licenciado de Energia e Mineração do Estado de São Paulo; presidente do Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco),Regional São Paulo, Fernando Jardim Mentone; Ariovaldo Tedeschi, representando o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP); presidente da Companhia Energética de São Paulo, Almir Martins.