Os ciberataques detectados na semana passada em mais de 100 países mostram que nem mesmo grandes companhias estão imunes a crimes digitais. Para quem compra produtos ou faz transações financeiras pela internet, a recomendação é redobrar o cuidado, pois golpes e fraudes têm se tornado cada vez mais sofisticados.
“Uma característica comum às fraudes na internet é que elas envolvem temas do momento”, diz Camillo Di Jorge, presidente da Eset no Brasil. No início do ano, a empresa de segurança com sede na Eslováquia detectou um vírus disseminado por e-mail sobre os saques do FGTS. A mensagem, que prometia informar o calendário para retirada, roubava senhas bancárias por meio de um programa instalado no computador de quem baixasse o arquivo anexado. Características do e-mail, como o domínio (o que vem depois do símbolo @) e a identidade visual evidenciavam o golpe. A artimanha, porém, poderia enganar usuários menos experientes.
Outro tipo de golpe que tem se tornado frequente é o da loja falsa. Felipe Panniago, diretor de marketing do site ReclameAqui, afirma que há casos de golpistas que respondem reclamações de usuários, fraudam CNPJs e até contratam serviços de call center. “É fundamental que a vítima exponha isso de alguma maneira, para evitar que outros consumidores passem pela mesma situação”, diz.
Para Bruno Cavalcante, a isca foi um iPhone anunciado no site Mr. por R$ 2 mil, valor abaixo do preço médio no mercado. O produtor de eventos checou os registros da empresa vendedora e entrou em contato com uma central de call center. Bem atendido, ele só se deu conta da fraude dias depois, ao solicitar o código de rastreamento do produto e não obter resposta. Cavalcante entrou em contato com seu banco e foi informado de que o valor desembolsado havia sido bloqueado – mas não obteve ressarcimento. Hoje, ele espera uma decisão da Justiça sobre o caso. O site está fora do ar.
Em uma busca na internet por produtos eletrônicos, a reportagem não conseguiu contatar proprietários de dois sites de compras, o Super Extra Eletro (https://www.superextraeletro.com.br/) e a Action Prime (http://actionprime.net/).
O primeiro declara endereço em uma sala comercial de um prédio na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Em contato por telefone, a recepcionista informou que não havia nenhuma empresa com esse nome que tem um escritório no prédio. Ela relatou que várias pessoas já foram ao endereço para reivindicar produtos.
Já a Action Prime declara endereço em um galpão em Barueri, na Grande São Paulo. O local, porém, é a sede de uma transportadora, a Total Express.
Ambos os sites, que constavam na plataforma Google Shopping, não foram mais encontrados após o contato da reportagem com o Google, que afirmou revisar constantemente as ofertas, tanto de forma automática quanto manual.
Leonardo Moura, do Silveiro Advogados, diz que, detectado o golpe, é necessário fazer um boletim de ocorrência. Quanto a ações na Justiça, o entendimento é de que o cliente deve ser amparado, porém cabe a ele ficar atento: “É cada vez mais comum ver decisões que cobram do consumidor um nível mínimo de atenção e zelo em transações eletrônicas”.
Fonte: Estadão