A neuroengenharia já está consolidada, e seu campo de atuação, bem definido para o mundo todo desde a publicação, em 2007, de um editorial do “Journal of Neural Engineering”, revista científica especializada no assunto.
O documento diz que a área é um campo interdisciplinar de pesquisa que mobiliza métodos da neurociência e da engenharia para analisar funções do sistema nervoso e desenvolver soluções para problemas associados a limitações neurológicas.
Na prática, o neuroengenheiro desenvolve tecnologias que integram o homem à máquina -uma prótese de braço controlada pelo pensamento, por exemplo-, ou busca formas de modular o comportamento de neurônios para tratar doenças como a depressão.
“Ainda não é possível simular um ser humano por inteiro devido à complexidade, mas conseguimos replicar alguns circuitos e pequenas redes do cérebro”, afirma Edgard Morya, fisioterapeuta e coordenador de pesquisas do IIN-ELS (Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra), do Rio Grande do Norte, o primeiro no país a oferecer um mestrado com o nome da área.
Entender os estímulos elétricos que percorrem o cérebro e os comandos que eles dão para o corpo é uma das chaves para as pesquisas.
“Esses estudos podem ser usados para melhorar a condição de pessoas que perderam algum membro do corpo ou que sofrem com doenças debilitantes, como o mal de Parkinson”, completa Morya.
O curso, sediado em Macaíba, a 14 km de Natal, é gratuito e dura cerca de dois anos. Para participar do processo seletivo, é necessário enviar uma carta de intenções do candidato e uma recomendação da instituição de origem. Depois, também é realizada uma entrevista.
Segundo Morya, o aluno pode vir de diversas áreas, mas terá de aprender conceitos fundamentais de matemática, engenharia, computação e neurociência independentemente da formação inicial.
BIOMÉDICAS
Universidades públicas como a Unicamp, a Unifesp e a UFMG dão a possibilidade de fazer mestrado e doutorado em linhas de pesquisa da neuroengenharia.
Esses cursos, no entanto, estão em programas de pós-graduação em engenharia biomédica ou neurociências.
“O estudante deve estar preparado para desafios complexos”, diz Leonardo Abdala Elias, engenheiro e chefe do NER Lab (Laboratório de Pesquisa em Neuroengenharia), na Unicamp. CONHECIMENTO LEVADO AO CORPO
O educador físico Lucas Scarone Silva, 29, ingressou em 2014 no mestrado acadêmico da UFABC (Universidade Federal do ABC) na área de neurociência e educação. Ele escolheu pesquisar as relações entre exercícios físicos e cognição.
“Me encantei pela área”, diz Silva.
De acordo com ele, a pós-graduação ampliou a visão de como o aprendizado acontece -ensinamentos que lhe faltaram na graduação.
“Aprendi que existem diferentes tipos de alunos e formas de assimilar o conhecimento”, afirma Silva.
Ele, que desde recém-formado trabalha como professor, havia feito o curso de especialização em neurociência aplicada à educação na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em 2012. “Sempre quis desenvolver pesquisa, e a especialização me ajudou a escolher que direção seguir”, diz.
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ONDE ESTUDAR
NEUROENGENHARIA
MODALIDADE
mestrado
ONDE
Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra
DURAÇÃO
2 anos
QUANTO
gratuito
ENGENHARIA ELÉTRICA / ENGENHARIA BIOMÉDICA
MODALIDADE
mestrado
e doutorado
ONDE
Unicamp
DURAÇÃO
2 anos (mestrado); 4 anos (doutorado)
QUANTO
gratuito
NEUROCIÊNCIAS / BIOENGENHARIA
MODALIDADE
mestrado e doutorado
ONDE
UFMG
DURAÇÃO
2 anos (mestrado); 4 anos (doutorado)
QUANTO
gratuito
ENGENHARIA BIOMÉDICA
MODALIDADE
mestrado e doutorado
ONDE
Unifesp – São José dos Campos
DURAÇÃO
2 anos (mestrado); 4 anos (doutorado)
QUANTO
gratuito
Fonte: Folha de São Paulo