Eng. Carlos Bastos Abraham – Vice-presidente da FNE e do Senge-SC
Vivemos dias sombrios. O país assiste atônito e indignado a uma sucessão de fatos escabrosos que vêm se desenrolando há vários anos, como uma série televisiva de horror, de um horror que parece não ter fim. Governos sucessivos lotearam as empresas estatais e aparelharam seus fundos de pensão para saqueá-los; obras destinadas à copa do mundo ou não foram executadas, ou se transformaram em enormes estruturas inúteis cuja única serventia foi encher as burras de políticos e empresários corruptos. As obras para as Olimpíadas seguem no mesmo rumo, com a insensatez vencendo a técnica – vide o exemplo da ciclovia que não resistiu a uma onda mais forte.
Mas há esperança de dias melhores. A operação Lava-jato tem desnudado e colocado sob a luz desinfetante do sol o modus operandi de um projeto político de poder que não poupou nenhuma estrutura pública para atingir seus objetivos. As lições que se estão tirando desse processo, que já colocou mais de 50 pessoas na cadeia, serão usadas para o aprimoramento das nossas leis anticorrupção e dos órgãos e mecanismos de controle. A Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário estão dando respostas à sociedade. Pena que a classe política não esteja respondendo no mesmo ritmo.
A engenharia nacional também há de se aprimorar em virtude desses nefastos acontecimentos. Empresas construtoras envolvidas no mar de lama da corrupção, bem como seus dirigentes, estão pagando um alto preço por seus atos. Prisões, delações premiadas, declarações de inidoneidade para contratar com o poder público, falências, e, o que é pior, o desemprego em massa de trabalhadores, tudo isso fará com que as relações entre as empresas e poder público tendam a se estabelecer num novo patamar de transparência e accountability.
É preciso que todas as forças vivas da nação, aquelas comprometidas com a democracia, com o espírito republicano e com a moralidade pública, se unam num esforço conjunto para salvar o país. E, dentre essas forças, a engenharia assume papel de relevância, por ser o motor do crescimento e do avanço tecnológico. Estamos continuamente trabalhando no projeto CRESCE BRASIL, especialmente em 2016, no tema CIDADES, e temos o dever de participar e colaborar com a sociedade brasileira. Nosso papel será – a engenharia unida – fazer cada um a sua parte para ajudar o país sair desse atoleiro.