A maioria dos trabalhadores do mundo enfrenta uma série de riscos de saúde ligados à mudança climática, alertou a ONU nesta segunda-feira (22), destacando também que as lei existentes não oferecem proteções adequadas.
Um relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da ONU, aponta que a mudança climática atingiu a saúde e a segurança das pessoas.
“Um número impactante de trabalhadores já estão expostos a riscos relacionados à mudança climática no local de trabalho, e é provável que esses números só piorem”, segundo a OIT.
Trabalhadores agrícolas e outros que realizam trabalhos pesados em climas escaldantes podem estar expostos a diversos perigos, entre eles o calor excessivo, radiação ultravioleta, contaminação do ar, doenças transmitidas por vetores e fertilizantes.
“Os trabalhadores estão entre os mais expostos aos riscos da mudança climática, mas frequentemente não têm outra opção do que seguir trabalhando, inclusive se as condições são perigosas”, diz o estudo.
O documento indica que em 2020 — o último ano para o qual há estatísticas disponíveis — se calculava que 2,4 bilhões de trabalhadores, ou mais de 70% da força de trabalho mundial, estavam expostos ao calor excessivo em algum momento de seu dia.
O número supera os 65,5% de duas décadas atrás, acrescentou.
A cada ano são reportadas cerca de 23 milhões de lesões ocupacionais atribuídas ao calor excessivo, com um custo estimado de quase 19 mil vidas por ano, indica o relatório.
E o impacto do aquecimento global sobre os trabalhadores vai além do que a exposição ao calor, diz a OIT.
A organização destaca que várias condições perigosas para a saúde dos trabalhadores foram vinculadas à mudança climática, incluindo câncer, doenças cardiovasculares, problemas respiratórios, disfunção renal e condições de saúde mental.
Por exemplo, a OIT aponta que 1,6 bilhão de trabalhadores em todo o mundo estariam expostos todos os anos à radiação ultravioleta, com 18.960 mortes anuais por motivos trabalhistas devido ao câncer de pele.
Outras 1,6 bilhão de pessoas estariam expostas à contaminação no local de trabalho, o que resulta em 860 mil mortes anuais ligadas ao trabalho.
Mais de 870 milhões de trabalhadores agrícolas estão expostos aos pesticidas, com mais de 300 mil mortes anuais atribuídas ao envenenamento com esses produtos.
E 15 mil mortes anuais ligadas ao trabalho são atribuídas à exposição a doenças transmitidas por parasitas ou vetores, segundo o relatório.
“É essencial que escutemos esses alertas. As considerações de segurança ocupacional e saúde devem se tornar parte de nossas respostas à mudança climática”, acrescentou.
A OIT disse que a evolução e intensificação dos riscos da mudança climática podem obrigar os países a revisar as leis existentes ou a criar regulamentações e orientações novas para garantir a proteção dos trabalhadores.
Fonte: Folha de São Paulo