O excedente de energia solar produzido por novos geradores residenciais e comerciais começou a ser taxado no Brasil. O país já é o oitavo maior produtor de energia solar do mundo.
Um dia bonito vale mais na casa da ceramista Malu Serra. É sinal de que a conta de luz vai ser mais barata. Significa muito para quem vive da cerâmica e precisa colocar as peças em um forno elétrico.
“Eu queimo três vezes por semana no mínimo. Então, o consumo é muito grande. É um custo muito alto para a gente no final do mês”, afirma.
O telhado do ateliê agora tem placas para absorver a luz do sol e transformá-la em energia elétrica. Malu calcula que o sistema, quando estiver toda montado, vai suprir 60% da energia consumida no ateliê.
Se a família gera 600 quilowatts/hora com painéis solares, mas só usa 300 kWh, os outros 300 vão para a rede elétrica. A qualquer momento que a energia gerada em casa for insuficiente, a família poderá usar aqueles 300 kWh da rede sem pagar. Mas esse crédito passou a ser taxado em 2023.
A taxa é calculada multiplicando a energia excedente pelo preço do quilowatts/hora e por um percentual que varia de lugar para lugar, conforme a concessionária. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a taxa sobre o excedente de 300 kWh seria de R$ 9,90 – sem os impostos.
Quem já instalou seus sistemas até janeiro de 2023 só começa a pagar a taxa em 2045. Quem instalou depois, já paga, e o percentual vai aumentando ano a ano. A Agência Nacional de Energia Elétrica explica que a taxa é pelo uso da rede elétrica e que não estava sendo cobrada até agora para incentivar a geração solar.
“Esse incentivo funcionou muito bem, porque hoje nós temos mais de 2 milhões ou quase 2 milhões de consumidores. Nós temos aproximadamente 19.000 megawatts de potência instalada nos telhados e nas indústrias”, afirma Hélvio Guerra, diretor da Aneel.
O presidente da associação que representa as empresas de energia solar fotovoltaica no Brasil diz que a nova taxa não compromete a economia obtida com os painéis.
“O investimento pagava em quatro anos e agora ele se paga em quatro anos e meio, cerca de quatro anos e meio”, afirma Ronaldo Koloszuk, presidente da Absolar.
Fonte: G1