Relatório divulgado pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), aponta que uma recuperação verde movida a energia eólica pode criar mais de 2,2 milhões de empregos em cinco países.
Esses novos postos de trabalho seriam gerados ao longo de uma vida útil de 25 anos de projetos eólicos e quase 20 gigawatts (GW) de instalações adicionais no Brasil, Índia, África do Sul, México e Filipinas.
Ainda de acordo com o documento, os 20 GW seriam suficientes para abastecer cerca de 25 milhões de residências a cada ano a partir de 2026 e potencialmente evitar a emissão de 714 milhões de toneladas de CO2 equivalente durante a vida útil dos parques.
O cálculo é feito sobre quanto poderia ser adicionado além do que está previsto.
No Brasil, o cenário de recuperação verde do GWEC considera que a instalação de 16 GW de capacidade – ante os 11 GW previstos atualmente – entre 2022-2026, poderia criar 1,35 milhão de empregos no país.
No cenário de 11 GW, que considera os contratos assinados atualmente, a previsão é de 750 mil postos de trabalho.
O Brasil fica atrás apenas da Índia. No país asiático, está programada a instalação de 21,5 GW até 2026, mas o GWEC indica um potencial de chegar a 31,2 GW, elevando a quantidade de oferta de trabalho de 1,5 milhão para 2,65 milhões.
A organização calcula que, para alcançar o objetivo internacional de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até o final do século, o volume anual de instalações de energia eólica deve aumentar cerca de quatro vezes na próxima década.
“À medida que entramos em 2022, estamos vendo a geração a carvão no caminho para atingir um pico recorde, os preços do gás natural em máximas históricas e – como previsto – as emissões se recuperando juntamente com a recuperação econômica”, comenta Ben Backwell, CEO do GWEC.
O executivo afirma que o setor é particularmente atraente para economias emergentes onde a transição energética se torna mais complexa.
É preciso eliminar combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, garantir crescimento econômico e atender à demanda de eletricidade em rápida expansão.
“A recuperação verde, incluindo estímulos e investimentos públicos direcionados, bem como reformas políticas que melhorem o ambiente propício para uma economia verde, podem contribuir muito para colocar o mundo no caminho certo para atingir as metas climáticas internacionais e aumentar a resiliência do sistema energético”, completa.
Embora o relatório inclua apenas cinco estudos nacionais, resultados semelhantes podem ser alcançados por outros países. Veja a íntegra em inglês (.pdf)
A análise da experiência internacional da indústria descobriu que normalmente uma taxa de instalação de 1 GW/ano ao longo de cinco anos poderia criar quase 100 mil novos empregos e US$ 12,5 bilhões de valor agregado bruto para as economias nacionais ao longo da vida útil dos parques eólicos.
Eólica chegou a 21 GW de capacidade instalada no Brasil, em janeiro. O país conta com 777 parques distribuídos por 12 estados, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A expansão em 2021 foi de mais de 3 mil megawatts, o maior incremento da fonte desde 2014, quando o crescimento foi de 2.786 MW. A fonte também representa pouco mais de 40% dos empreendimentos em construção de geração de energia.
Enquanto isso, no offshore, os projetos em licenciamento já somam 80 GW, de acordo com dados de 27 de janeiro do Ibama. O crescimento é significativo em relação ao ano passado – em julho, os projetos somavam 42 GW.
Um dos gargalos para esses projetos saírem do papel, a regulação começou a andar em janeiro, com a publicação do decreto sobre geração de energia elétrica offshore.
A medida foi bem recebida pelos governos do Ceará e do Rio de Janeiro, que contam com vários projetos em licenciamento. Veja o raio-x dos projetos eólicos offshore em licenciamento
Energia para hidrogênio. No Brasil, projetos eólicos onshore e offshore também são apontados como potenciais fornecedores de energia para a nova economia do hidrogênio.
Roberto Noronha Santos, CEO da produtora de fertilizantes Unigel, conta que a companhia pretende expandir suas atividades para a produção de amônia e hidrogênio verde (H2V) para substituição de combustíveis nos setores de transporte, mineração e siderurgia.
“A Unigel vai ser a primeira produtora de hidrogênio e amônia verde no Brasil (…) Estou falando de produção em escala industrial”, assegura o executivo.
Um dos grandes desafios para colocar o projeto de pé é a necessidade de um enorme volume de energia elétrica renovável. Roberto espera que toda a energia necessária para rodar a produção seja produzida no próprio estado da Bahia.
Como o principal componente do custo do H2V é o preço da energia elétrica negociado a longo prazo, a Unigel vem conversando com desenvolvedores de projetos de renováveis onshore e offshore no estado.
Recentemente, a companhia fechou com a Casa dos Ventos um contrato de longo prazo para fornecimento de energia eólica em valor superior a R$ 1 bilhão.
Fonte: epbr