Em um movimento calculado, o CEO da EDP do Brasil, João Marques da Cruz, tem feito declarações a respeito da conveniência da privatização da Celesc, como em 23 de julho, na FIESC, tentando induzir a sociedade catarinense a pensar em uma eventual ineficiência da empresa. Evidentemente, ele tem o direito de manifestar-se como bem entender, porém, este direito esbarra nos fatos e não o exime de ter seus argumentos analisados, contrapostos e desmontados.
O CEO da EDP do Brasil deveria entender que a privatização de uma empresa pública é decisão política privativa dos cidadãos catarinenses, mandatários finais dos destinos dos ativos públicos estaduais, nos termos do que está consignado na Constituição catarinense, que dispensam consultorias de quaisquer naturezas. Imaginem qualquer um de nós dando “conselhos”, palpites, aos portugueses sobre o que fazer com o seu patrimônio? Seria deselegante, para dizer o mínimo, além de uma interferência explícita nos assuntos internos do país. Mas parece que ele não sabe disso. É bastante estranho que uma pessoa na sua posição não saiba disso!
Mas o que mais chama a atenção nas suas declarações, é a afirmação que em uma eventual privatização (com o controle da EDP) a Celesc teria melhores resultados. A premissa básica seria que sob a administração da EDP a companhia teria desempenho superior.
Vamos analisar as suas colocações. As suas infelizes e inverídicas colocações.
Primeiramente, esse tipo de fala traduz uma manifestação sumamente deseducada com a sociedade catarinense, proprietária da Celesc, que o recebeu respeitosamente.
Em segundo lugar, o Sr. João é flagrantemente desmentido pelos dados. A Celesc tem seu desempenho avaliado (pelos clientes) anualmente, através de pesquisa da ANEEL, bem como as demais distribuidoras brasileiras. Ano após ano o seu desempenho é exemplar. Em 2020, foi a melhor distribuidora de energia do país. Em 2021, com todas as dificuldades provocadas pela pandemia, ficou classificada como a 3ª melhor distribuidora do Brasil, com uma pontuação muito próxima das primeiras colocadas.
E a EDP, ficou em que posição? (vide tabela abaixo)
Em terceiro lugar, agora com relação às tarifas cobradas da população, a Celesc tem desempenho muito superior e cobra tarifas inferiores às da EDP. E se formos adentrar no campo de atuação nos casos de intempéries, catástrofes e até furacões, que viraram rotinas em Santa Catarina, informações nos dão conta de que a EDP não possui a experiência necessária para fazer frente a essas intempéries, ou seja, não está minimamente preparada para atuar sob essas condições.
Portanto, é muita presunção desse senhor demonstrar menosprezo pela gestão da Celesc. Aliás, ao que tudo indica, falta-lhe também ética, porque sua manifestação revelou nítido caráter ofensivo, denotando que muito provavelmente esse seja o legado que ele dedica à sociedade catarinense.